Friday, May 29, 2009




DESIGN E COESÃO SOCIAL


Com base num cruzamento assumido entre a cultura e a economia, a ética e a comunicação, a estética e a funcionalidade, o design, que é essencialmente uma matriz projectual altamente flexível centrada nas necessidades globais do ser humano, parece estar em condições de se tornar a disciplina operativa deste século. As questões da coesão social, quer vindas de diferenças culturais, quer vindas de diferenças económicas, físicas ou etárias, são um campo de acção extraordinário para os designers. O design inclusivo, por exemplo, ocupa-se neste momento de criar soluções que possam ser utilizadas por todos, de um modo abrangente e não-discriminatório. Mas podemos ir muito mais longe. Podemos investir no desenvolvimento de programas específicos em zonas de actual ou futura disfuncionalidade. Os designers são formados para criar soluções pragmáticas e democráticas para problemas de diversa ordem e podem - devem - ser utilizados para responder a todas estas novas questões que minam a nossa frágil estrutura social. A questão do envelhecimento, uma em tantas outras que corroem o edifício onde nos instalámos, convencidos de que, se pagássemos a renda, a coisa se mantinha, é prioritária. É já o nosso hoje e amanhã vai-nos cair em cima com uma força desmesurada e demolidora.


Guta Moura Guedes, "Design e Coesão Social", Público, 22 Maio de 2009.

Tuesday, May 26, 2009

PKNP02



A segunda Pecha Kucha Night no Porto acontece na próxima quinta-feira no Bairro da Bouça, mais conhecido por bairro do Siza, na Lapa, um dos vários projectos de habitação social que resultaram das operações SAAL.

A coincidência não podia ser mais oportuna. Ainda antes de saber o local do evento, tinha decidido apresentar na PKNP2, uma reflexão sobre as possibilidades e responsabilidades que se colocam ao design enquanto mediador social à luz da nossa condição contemporânea. Um eventual índice da apresentação passaria, necessariamente, por uma descrição do actual campo expandido do design (para usar a expressão de Rosalind Krauss); pela análise das novas (?) práticas projectuais ligadas a um investimento processual mobilizador de estratégias de co-design e auto-gestão; pela reflexão sobre a dimensão política das práticas participativas da arte e do design contemporâneo; pela defesa da necessidade de uma “crítica contemporânea” capaz de orientar uma prática socialmente eficaz, demarcando-a de toda uma série de projectos em que a valorização da participação, qual tique de época, tende a ser auto-referencial e, por isso, inconsequente.

Numa apresentação que convida a falar sobre identidade, autoria, individualidade, desejava ser capaz de o fazer apresentando-me através do meu envolvimento em projectos de identidade alterada, de autoria colectiva, de individualidade partilhada.

Também por isso deixo neste “post” as ideias gerais (serão sempre, inevitavelmente, ideias gerais mesmo que em busca do seu alvo) da minha intervenção para que elas possam ser comentadas, contaminadas, discutidas; para que o escritor seja um catalisador de um processo onde as posições “escritor” e “leitor”, pela sua reversibilidade, convidam, elas próprias, a um exercício, senão de autoria colectiva, pelo menos de diálogo.

Tuesday, May 19, 2009

Lisboa1940ExpoMundoPortugues_19



EXCESSO E DESIGN EM PORTUGAL


Num interessante texto intitulado "Excesso e Design em Portugal", Rui Afonso Santos constata que “no que concerne ao processo do design em Portugal”, o excesso “tem sido extremamente benéfico”.

De acordo com este raciocínio, os mais inovadores projectos poder-se-iam considerar “obras excessivas” tendo sido, precisamente, por isso frequentemente mal acolhidas no seu tempo: do plano de reconstrução de Lisboa promovido pelo Marquês de Pombal, passando pelo Palácio da Pena e chegando ao excesso da Lisboa de Fontes Pereira de Melo já no Século XX.

De acordo com Rui Afonso Santos “O Estado Novo salazarista não melhorou as coisas, antes pelo contrário, na sua mimética e incipiente vontade de renovação que encontrou no Modernismo dos anos 30 uma efémera gramática formal, não secundada por uma reflexão teórica capaz... mas o excesso programático de certas empresas permitiu, por exemplo, a réplica de cadeiras metálicas bauhausianas em micro-escala, destinadas como eram a espaços infantis.”

“Nos anos 50, a intervenção renovadora de arquitectos, pintores e escultores, unidos por um desejo comum de fazer “obra total”, manifestou-se em projectos especiais que incluíram, desde a arquitectura e concepção de ambientes ao desenho de equipamentos, do mobiliário ao candeeiro e toalha de banho...num “excesso” que anunciou a dignificação da profissão de designer na década seguinte, prosseguida por uma “1ª geração de designers” que Afonso Dias ilustra com os nomes de Daciano, Sena da Silva, António Garcia, Eduardo Afonso Dias e Carmo do Vale. Com a década de 80, “a renovação dos hábitos urbanos foi, porém, felizmente excessiva, com correspondentes excessos pós-modernos” nas vivências e na criação” de uma 2ª geração que estende o seu trabalho ao campo da moda, da joalharia e dos novos media.

Finalmente, considerando a actualidade, Afonso Dias escreve que “No quadro da mobilidade do mundo pós-industrial, o design hoje feito em Portugal, também já praticado por uma 3a geração, surge com uma dinâmica assinalável, numa divulgação e reconhecimento que os «excessos» na comunicação possibilitam - e temos hoje, muito justamente, designers activos em Portugal universalmente reconhecidos, do Canadá́ ao Japão...”.

Se é fácil adivinhar os nomes em que Afonso Dias possa a estar a pensar (dos designers saídos do grupo “Ex-machina” a Fernando Brízio) e se, igualmente, é fácil associar alguns outros nos quais, possivelmente, Rui Afonso Dias não estará a pensar (dos R2 a Manuel Lima), por outro lado o que não fica totalmente claro é saber a que corresponde o “excesso” no actual design português ou, por outras palavras, falta identificar o que é necessário exceder para que, escapando à norma, os projectos se destaquem. E assim, o que subtilmente o artigo de Afonso Dias coloca em questão é, afinal, a definição do que é design de vanguarda e design de retaguarda (mainstream), acreditando ainda na operatividade destes termos, hoje em Portugal.

Saturday, May 16, 2009

003-83



REGRESSO AOS 80



Foram recentemente publicados pela Laurence King , de Londres, dois livros que, para além do editor e do mês de lançamento (ambos publicados no passado mês de Março) têm vários aspectos em comum, são eles Sketchbooks: The Hidden Art of Designers, Illustrators & Creatives editado por Richard Brereton e Creative Space: Urban Homes of Artists and Innovators editado por Francesca Gavin.

Nos dois casos, tratam-se de “aproximações” tanto ao processo de trabalho como ao life style de designers e artistas contemporâneos: Sketchbooks desenvolve essa aproximação a partir dos esquiços dos criadores; Creative Space a partir da “imagem” (por vezes próxima de uma encenação do espontâneo) das suas casas.


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Nos dois livros, propõem-se um jogo entre a esfera privada (o diário gráfico, o caderno de esquiços, o espaço privado) e a esfera pública (a obra e uma certa “imagem” do criador). Pese embora todos os tiques de contemporaneidade e uma certa auto-referencialidade formal que tende a limitar a pertinência dos seus conteúdos são objectos interessantes, agradando-me claramente mais o primeiro, que despertam um positivo voyeurismo criativo.

Brereton e Gavin são dois nomes trendy no actual mercado criativo e editorial. Sendo, eventualmente, boas companhias para se aparecer numa festa, seria injusto não reconhecer os seus méritos. Richard Brereton tem acumulado trabalhos para televisão (incluindo a BBC) e é actualmente editor da revista Graphic, onde tem deixado a sua marca pessoal, anunciando-se para Setembro uma nova revista de artes visuais e um livro co-editado por Marc Valli. Francesca Gavin é editora para as artes visuais da revista Dazed & Confused e publicou, desde 2007, três livros, os anteriores dedicados à arte pública e à nova arte gótica, um livro, aliás, delicioso.




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Tratando-se de dois projectos curatoriais é interessante analisar os nomes dos criadores convidados. Eles têm, na sua maioria, menos de 35 anos, pertencendo, por isso, à mesma geração dos curadores do projecto. No caso do livro de Brereton, envolvendo ilustradores, designers gráficos e um designer de tipo (Dreibholz), percebe-se uma intenção de dar “representatividade” através de escolhas, criativa e geograficamente, diversificadas, ainda que quase todos os criadores escolhidos trabalhem actualmente no Reino Unido e nos Estados Unidos (ou com clientes desses países); são eles: Carole Agaesse; Renato Alarcão; Pablo Amargo; Clemens Baldermann; Lauren Simkin Berke; Serge Bloch; Pep Carrió; Frédérique Daubal; Agnès Decourchelle; Dominic Del Torto; Henrik Delehag; Marion Deuchars; Andrea Dezso; Paulus M. Dreibholz; Henrik & Joakim Drescher; Ed Fella; Isidro Ferrer; Peter James Field; Fuel; Anna Giertz; Chris Gilvan-Cartwright; Brian Grimwood; Johnny Hardstaff; Flo Heiss; John Hendrix; Boris Hoppek; Seb Jarnot; Oliver Jeffers; Fumie Kamijo; Hiroshi Kariya; Daniel Kluge; Hiro Kurata; Asako Masunouchi; Flávio Morais; Robert Nicol; Peter Saville; Gustavo Sousa; Simon Spilsbury; Marc Taeger; Mark Todd e Holly Wales.

Olhando para esta lista, claro que saltam à vista dois nomes consagrados como Peter Saville e Ed Fella (creio que o mais velho do grupo) e uma série de nomes a caminho da consagração casos de Clemens Baldermann dos Purple Haze, Marion Deuchars, os ilustradores Mark Todd e Renato Alarcão ilustrador brasileiro conhecido, sobretudo, pelos trabalhos publicados no The New York Times, o seu compatriota Flávio Morais ou o espanhol Pablo Amargo vencedor do Prémio Nacional de Ilustração em 2004.

Outros estarão na categoria dos “criadores emergentes” como o “maverick” Dom del Torto , a jovem ilustradora, de origem húngara, Andrea Dezso autora do belíssimo Community Garden, o sueco Henrik Delehag conhecido pelos recentes livros como Ben Carey, ou ainda Boris Hoppek nome ligado à street-art ou, o já referido, Paulus Dreibholz cujo trabalho tipográfico me agrada muito.

Da citada lista, alguns nomes são, para mim, menos conhecidos ou mesmos desconhecidos, como Carole Agaesse, Peter James Field , Hiroshi Kariya ou Agnès Decourchelle que, o pouco que conhecia, não me tinha entusiasmado.



No livro de Gavin, os criadores estão, maioritariamente, ligados a um universo “trendy” londrino, parisiense ou nova-yorkino (não deixando de surpreender a ausência de criadores de Viena ou Instambul para referir uma cidade que esteve e outra que está claramente in) com clientes no mundo da moda e da “alta sociedade”, casos de Hardy Blechman o designer da Maharishi, Lúcio Auri, Ludivine Billaud designer gráfico ligada à Kenzo ou a JP Gaultier, Nicola Formichetti e Artus de Lavilléon ou jovens artistas plásticos bem cotados como Stuart Semple cujo trabalho é, aliás, marcadamente gráfico ou Aya Takano.

É claro que, ao nível dos conteúdos, os dois livros não são comparáveis. Os conteúdos de Hidden Art são claramente mais interessantes e consequentes, mesmo do ponto de vista em questão: retratar, a partir de uma perspectiva “privada”, diversos criadores contemporâneos. Mas sublinhadas as diferenças, não estamos, nos dois livros, longe de um certo self-referential design típico dos anos 80.

Wednesday, May 13, 2009





Que função social para o design?


O designer julga construir o mundo, designando-o em direcção à liberdade ou à felicidade, mas acaba conformado com ele. É conformado pelos mass media, pelas mensagens comerciais da publicidade, pelas tendência de consumo da coma, isto é pela indústria cultural que o envolve. Cada designer constitui uma certa construção dessa cultura em si. E por ironia, quanto mais apela à originalidade da sua condição de ser, mais se submete à ordem estereotipada que lhe foi reservada pela múltipla oferta do Mercado, no inefável desejo capitalista de servir. Aquilo a que o agente de transformação aspira está contaminado pela cultura material, e por isso, já não deseja se não a submissão a essa ordem; foram educados para isso.

Não restará, por isso, outra estratégia à revolução da Arte se não a de resistir a todo o custo, devolvendo ao museu ou à galeria o vazio, o inusitado, o testemunho ou a denúncia, a mínima experiência de genuína liberdade, a proposta de outra coisa mais humanizante.


DESENHAR ENTRE FACES, FRANCISCO PROVIDÊNCIA, EASI, N.1, 2008, pág. 52

Monday, May 11, 2009




SOMETIMES I WONDER
por John Getz


Acabei de rever Wanda, o superlativo filme realizado em 1970 por Barbara Loden. No início dos anos 80 escrevi, just for fun, um argumento para cinema: a história de um homem que, na sequência de uma queda tirada do Rear Window fica com um amnésia que reduz a suas memorias a flashes de cenas de filmes.

Entre as imagens recorrentes ( de resto a primeira e última imagem): o rosto de Wanda, fortíssimo, inolvidável. Aquele argumento reflectia, na perfeição, a minha cinéfilia, fragmentária e difusa. De muitos filmes, retenho apenas uma sequência, quando não uma imagem, um diálogo ou pormenor, um certo clima sugerido pela fotografia, um movimento de câmara ou corte de montagem. Esse é o meu conhecimento de certos filmes que muito admiro: de You Only Live Once guardo a sequência do lago no velho Motel; de Gun Crazy o trepidar dos corpos, a inexorabilidade do destino; em People Will Talk de Mankiewicz a lição inaugural; no Johnny Guitar aquele diálogo, sempre aquele diálogo:

Vienna: Lie to me (…) Tell me you still love me like I Love You.
Johnny: I Still love you like you love me.

Nesta forma, idiossincrática, de me envolver com os filmes reside, creio, o melhor e o pior da minha cinefilia. Já agora, algo de muito semelhante me sucede enquanto leitor ou ouvinte. Mas isso fica para outro texto. Por agora fiquem com Wanda.


Saturday, May 09, 2009

SEBASTIÃO & PAUL









Para quem goste de acreditar nas virtudes dos wikis, a versão portuguesa da Wikipédia é uma profunda desilusão. Se ao entrarmos numa livraria é fácil pensarmos que o design português nunca existiu, essa ausência sai confirmada por uma visita à Wikipédia. Se a pt.wikipedia conhece, pouco e mal, quem foi Paul Rand, já desconhece em absoluto que alguma vez tenha existido Sebastião Rodrigues. Igualmente, uma procura por "Almanaque", "Victor Palla" ou "Sena da Silva" terão igual sorte. E se quisermos conhecer a espantosa obra gráfica de Paulo Ferreira, não adianta recorrer à wikipedia pois ela dir-nos-à que se trata de um jogador de futebol do Chelsea.

Não admira, pois, que uma pesquisa por "design português" não obtenha qualquer resultado. Design português? O que é isso?

Wednesday, May 06, 2009

hmreading



Não fiz referência, aqui no Reactor, ao recente falecimento de Augusto Boal.

Não conhecia a sua obra tão bem quanto desejaria mas dela conhecia o suficiente para saber que era muito mais do que teatro, era uma estratégia, a muitos títulos radical, de fazer cultura e política que me seduziu (e seduz) verdadeiramente. Por mais do que uma vez arrisquei, em textos ainda inconclusos, estabelecer uma relação entre o Teatro do Oprimido de Boal e um programa para uma prática colaborativa de design. Não será ainda este o momento de o fazer. De resto, deixo as palavras saltarem para o post na sua dispersão. Tinha pensado escrever sobre o projecto Department of Reading, voltando assim a uma reflexão sobre as questões da escrita e da leitura na contemporaneidade que vêm interessando. Mast al como já sucedeu em outros momentos (recordam-se ?) perdi-me, errante, em furtivas leituras que me levaram até aqui. A última coisa que li, antes de começar a escrever, foi este artigo no NY Times. Depois da arte nos hóteis (notícia já de si improvável), sucederam-se as mais improváveis associações: lembrei-me da “Queima” por ter estado a seleccionar materiais para os meus alunos, o que me fez lembrar de um livro, o recente Never Sleep: Graduating to Graphic Design que não sei porquê me levou a pensar no projecto da Leo Burnett Lisboa que através de uma aplicação para o Firefox muda, em todos os sites, a palavra “crise” por “oportunidade”. Terá sido esta “passagem” da crise para a oportunidade que me fez pensar em Boal. E por aqui termino.

Tuesday, May 05, 2009





No dia 21 de Maio inaugura o MUDE – Museu do Design e da Moda de Lisboa. Mais do que permitir a exposição pública da interessante colecção de Francisco Capelo, o desafio que se coloca ao MUDE passa por conseguir desenvolver em Lisboa, ou melhor a partir de Lisboa, uma consistente e continuada política curatorial em design.

É interessante questionarmos qual o modelo curatorial que Bárbara Coutinho irá desenvolver no MUDE. Os Museus, particularmente os museus que trabalham espólios contemporâneos, tendem a ser instituições porosas que, precisamente por isso, revelam capacidade de desenvolver formas de programação que vão para além do espaço museológico.

As práticas curatoriais em design, oportunamente tema do último número da revista Azimutes, não foram, até hoje, alvo de debate ou estudo em Portugal. Também por isso, o MUDE deve assumir um natural protagonismo relativamente à definição de um modelo de exposição, estudo e interacção com o público de obras de design. O desafio que se coloca à Directora do MUDE é pois grande. Acredito que Bárbara Coutinho possa estar à altura do desafio, não apenas pela competência demonstrada durante a sua passagem pelo CCB e em algumas “acções-MUDE”, como pela forma segura (cautelosa mas visível) com que a inauguração da exposição Ante-Estreia foi trabalhada.


Para a concepção do espaço expositivo foi escolhido o atelier Ricardo Carvalho e Joana Vilhena e, tanto quanto se sabe, a exposição irá mostrar cerca de 170 peças estabelecendo diálogos entre diversos períodos, motivações e autores: de Verner Panton a Vivienne Westwood passando pelos Droog Design. Promissora é igualmente uma anunciada segunda exposição, a inaugurar em Junho, que em colaboração com o Museu de Design de Zurique traz a Lisboa parte a sua notável colecção de cartazes.

Coincidindo com a inauguração da exposição Ante-Estreia anuncia-se, igualmente, a publicação de um catálogo MUDE com textos de Bárbara Coutinho, Anabela Becho, Carla Carbone, Eduarda Abbondanza, Frederico Duarte, Inês Simões, Luis Royal e Madalena Galamba.

Devemos, pois, aguardar pelas exposições e publicações, de que a nossa cultura do design está tão carente, esperando que elas possam contribuir para uma mais alargada, profunda e participada discussão sobre design.

Friday, May 01, 2009

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MAIO AGENDA*


Porque Maio promete ser um mês intenso, o Reactor propõe uma Agenda cultural com diversas sugestões. Há muita coisa a acontecer, dentro e fora de portas, Stuart Bailey e Werner Herzog já chegaram, Kenneth Anger vem a caminho; já amanhã há um intenso Clubbing com PJ Harvey, a Feira do Livro já anima o Parque Eduardo VII e ao longo do mês vamos ter as actividades da Lisboa Transcultural, o Fimfa, o Doc Europa e Cinema Japonês dos Anos 60 e isto sem esquecer o OFFF a inauguração do MUDE e, ali ao lado, Cannes, Chaumont e a Bienal de Design de São Paulo.



1 de Maio

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Poque o May Day, por exelência é em Paris, começamos ai o mês de Maio. Na Galerie Anatome encontra-se a exposição do designer britânico Jonathan Barnbrook e seus colaboradores (Elle Kawano, Marcus Allion, Jonathan Abbott e Daniel Streat) intitulada Collateral Damage.

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E para que o dia do trabalhador seja perfeito, depois de um croissant em Paris nada melhor do que um custard comido em Londres onde, para terminar em beleza, se aproveita o último dia da exposição sobre cover design Revolutions: From Gatefold to Download .

Apenas para aqueles que acham que "se duas exposições é bom, três é melhor", fica a sugestão de uma visita à exposição Framing Modernism: Architecture and Photography in Italy 1926-1965. E como o dia já foi longo, talvez o melhor seja beber apenas um copo no Soho e ainda tentar dormir alguma coisa que amanhã já vamos acordar em Nova York.



2 de Maio

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Se tudo correu como planeado estamos em Nova York a caminho da Pratt Manhattan Gallery para não perdermos a oportunidade de ver a exposição Broadcast que hoje encerra. A curadora Irene Hofman reuniu um conjunto extraordinário de obras de Dara Birnbaum, Antonio Muntadas, TVTV, Nam June Paik entre outros artistas que, a partir dos anos 60, tomaram a Televisão e Rádio como objecto de Media Arte.

Da Pratt corremos em direcção à galeria Paula Cooper para a inauguração da exposição After Image sobre repetição, imitação e cópia na arte do Século XIX ao Séc. XXI.



3 MAIO


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Mais um dia em Nova York oferece-nos a oportunidade de ir ver uma prometedora exposição, The Pictures Generation: 1974-1984 que reune obras de John Baldessari, Dara Birnbaum, Barbara Kruger, Sherrie Levine ou Cindy Sherman. De madrugada regressamos a Lisboa.



4 MAIO

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Tiramos o dia para assistir a duas conferências, A Arte Antes e Depois da Arte leva à Culturgest dois nomes centrais da Estética contemporânea José Jimenéz e Mario Perniola; mais tarde no Teatro Maria Matos tem lugar o debate Arte&Mercadoria com António Guerreiro e Maurizio Lazzarato.



5 MAIO

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Damos "um salto" a Vila Franca de Xira onde, no Museu no Neo-Realismo, está a exposição sobre fotografia portuguesa dos anos 50 Batalha de Sombras comissariada por Emília Tavares.



6 MAIO


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O dia é de Estados Gerais na Arte Contempo e a noite é passada com La Danseuse Malade na Culturgest. Pelo meio talvez tenha dado para ver ou rever Vanderheyden ou Herzog.




7/8/9 MAIO

9


Entre 7 e 9 há o Offf em Oeiras e a conferência sobre Cultura e Conflito na Católica. Pelo meio, a 8 de Maio, inaugura a exposição Estrela Brilhante da Manhã na ZDB em torno da figura de Kenneth Anger.




10 de Maio

10


De volta a Londres para uma das exposições do ano: Rodchenko & Popova: Defining Constructivism na Tate.




11 MAIO


Como Barcelona fica a caminho (mas mesmo que não ficasse...) é ver-nos descer as ramblas em direcção ao CCCB onde Michela Marzano e Josep Ramoneda falam sobre La Cultura de la Crisi .




12 MAIO


Piscámos os olhos e já estávamos a comer uma mousse de abacate na cafetaria do CAM, depois metemo-nos no combóio com destino a Almada onde, na Casa da Cerca está a exposição 1/150 Gravar e Multiplicar. A noite de hoje vai ser passada a viajar rumo a São Paulo.




13/14/15 MAIO


11


Três dias em São Paulo, ou seja, um dia para a Bienal brasileira de Design gráfico ; outro dia para a exposição Desenho e Design: Amilcar de Castro e Willys de Castro no IAC; e um último para curar o jet lag que é como quem diz, para passear na Avenida Paulista e visitar as livrarias, nomeadamente, a fabulosa Cultura.




16 MAIO

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Dizemos "presente" na inauguração do Poster Festival de Chaumont.




17 MAIO

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Chaumont intensificou a paixão pelos cartazes e foi impossível resistir a uma ida ao Poster Museum de Wilanów, na Polónia, para visitar duas exposições de cartazes extraordinárias: Golden Age
Highlights of Dutch Graphic Design from 1890 to 1990
e Wind from San Francisco
Polish Poster from the 1960s and 1960s
.




18 MAIO


Dia internacional dos Museus ou seja total liberdade de escolha. Ir para Belém é uma boa possibilidade.




19/20 MAIO

14


Bem sei que já se esta a tornar rotineiro, mas estamos de novo nos Estados Unidos. As razões? muito boas, de seu nome In Real Life.




21 MAIO


Inaugura hoje o MUDE Museu do Design e da Moda. Amanhã abre a exposição inaugural. A ver vamos.




21/23 MAIO


Acompanhado pelos meus amigos type designers aterro em Berlim, onde não ia já há uns bons 10 anos. Até dia 23 vamos acompanhar o Typo Berlim: SPACE .




24 MAIO

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É indiscutivelmente um dos melhores museus de design do mundo, no dia 24 as exposições que podemos visitar são 5 todas imperdíveis: Every Thing Design – The Collections of the Museum für Gestaltung Zürich; Good Design, Good Business – Swiss Graphic Design and Advertising by Geigy, 1940-1970; Irma Boom – Book Design; Hermann Obrist – Sculpture / Space / Abstraction around 1900; Switzerland as Paradise.




25 MAIO / 26 MAIO


De volta a casa: Dexter Sinister – Extended Captation na Culturgest do Porto e Daniel Blaufuks no Solar de Vila do Conde.



27/28 MAIO


De volta a Londres, onde no fim de Maio os eventos de design se sucedem. Começando com os Oscars do Design ou, por outras palavras, pelos Brit Insurance Design of The Yaer 2009 no Design Museum.




29 MAIO

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Ainda por Londres, para assistirmos ao Show: RCA ONE e avaliar a qualidade da "fornada".




30 MAIO

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Último dia em Londres, dia destinado à exposição Said Why Eggs? e as suas 26 interpretações do alfabeto.




31 MAIO

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Last but not least, no último dia do mês uma última grande exposição, dedicada à obra de Otl Aicher no SFMoMA. A exposição fica até dia 7 de Junho mas podendo ser vista em Maio é preferível é que algo me diz que Junho volta a ser movimentado.


* Qualquer sugestão para a Agenda de Maio é bem vinda. Para tal basta deixar a informação nos comentários a este post.

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PERFIL

REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com