Sunday, October 17, 2010

ANDANÇAS


Nascido a 4 de Outubro, o Reactor fez quatro anos, discretamente. O ritmo de postagens abrandou nos últimos dois meses mas retomará a normalidade a partir de Novembro.

Entretanto estarei em andanças. Durante a próxima semana vou estar em Manaus, belíssima capital do estado do Amazonas, para ministrar um workshop sobre “Práticas alternativas de design” e participar, como orador convidado, no 1º Congresso de Design do Amazonas. Na semana seguinte estarei no SENAC em São Paulo onde também farei um workshop e darei uma aula aberta.

De regresso será tempo para concluir o trabalho de uma exposição e preparar a vinda de “O que é urgente mostrar” (a exposição que comissariei na Experimenta) para o Porto. No primeiro fim-de-semana de Novembro estarei na NY Art Book Fair do MoMA mas já com a cabeça em “Starting From Zero” um evento que estou a organizar para a ESAD de Matosinhos e irá ter lugar nos dias 18 e 19. Por essa altura também deverá ser feito o lançamento de um “reader” sobre design por mim coordenado (intitulado “Design” e publicado pela Relógio d’Água).

Wednesday, October 13, 2010

AGI OPEN
Breves Notas




Casa da Música, Sala Suggia repleta para acolher o AGI Open, culminar de um esforço, digno de elogio, de Artur Rebelo e Lizá Ramalho.

Fica para outra ocasião uma reflexão mais profunda sobre o tema das conferências: O Projecto é o Processo. Sendo uma fórmula que respira contemporaneidade, suscita, no seu ensimesmamento, diferentes reacções (entre a adesão mais entusiástica e o esgar mais crítico). Trata-se, em todo o caso, de uma fórmula perigosa, com uma auto-referencialidade armadilhada, que se presta a jogos mais ou menos circulares (como o interessante texto de apresentação dos R2 exemplifica: “o processo é o contexto”; “o processo são os amigos” etc.).

De qualquer forma, nestas coisas o tema em discussão pouco importa, pois na sua maioria os intervenientes apresentam comunicações requentadas, despreocupados com o facto de parte da plateia já ter visto uma ou duas vezes aquela mesma apresentação. Assim foi, segunda-feira no Porto. E bem cedo o entusiasmo deu lugar a uma sensação de dejá-vu: os atrasos da praxe; os problemas técnicos do costume; as habituais alterações, de última hora, ao programa; as típicas desculpas – estranhas em especialistas em comunicação – de designers pelos lapsos de comunicação, pela dificuldade da língua, pela escassez de tempo.

Quando se deu a pausa para o almoço, nada de muito especial havia acontecido. Paula Scher disse palavras de circunstância sobre a AGI; Tono Errando, substitui o irmão Mariscal, mostrando um vídeo sobre a animação Chico&Rita (quase meia-hora a ouvir-se falar sobre a produção da música para o filme...); Pierre Bernard, designer que muito admiro, foi, de longe o melhor da manhã mas sem a conseguir salvar; mas da sua intervenção ficaram ideias importantes (“não há comunicação sem ambiguidade”), ficou a palavra felicidade dita umas 10 vezes (com mais propósito do que Sagmeister faria na parte da tarde) e ficou uma certa inquietação com a citação final de Ciroan.
Depois de mais uma pausa para café, seguiram-se dois designers com trabalho muito diferente mas, em ambos os casos, muito bom: Henrik Kubel e Marian Bantjes. Bantjes teve maior capacidade para seduzir a plateia; nenhuma das duas intervenções foi entusiasmante apesar de algum daquele trabalho o ser.

O almoço chegou e foi bem-vindo. Almocei com o Andrew Howard, o Frederico Duarte, o meu grande amigo (e excelente designer) Diogo Valério que trabalha em Oslo e com o designer brasileiro Rico Lins. O almoço foi bem melhor, mais discutido e interessante que a manhã da AGI.

A tarde iniciou-se com uma apresentação, que já conhecia de outra ocasião, de Ahn Sang-Soo e com a intervenção, igualmente requentada, de Peter Knapp o designer da Vogue ( e é sempre um prazer rever aqueles trabalhos dos anos 60 e 70). Sara Fanelli foi interessante sem ser empolgante.
Foi ao fim dos primeiros minutos de Abbott Miller, cerca da quatro da tarde, que senti que o AGI Open que eu esperava estava a começar. Miller começou a sua intervenção questionando “mas, afinal, o que é o processo?”, para de seguida, após ter invertido o tema (Projects are the process), fazer uma das melhores intervenções do dia: clara, interessante, envolvida com o tema.
Cyan foi descontraído; Sagmeister (a ovação da tarde) foi mais (Sagmeister) do mesmo (Sagmeister), ou seja uma repetição da apresentação “The Happy Designer”, que já começa a soar à “Palavra” da Igreja Universal do Reino de Sagmeister.

No entanto, ainda não se tinha chegado ao fim. E a tarde terminou bem com duas óptimas comunicações – de estilos bem diferentes – uma do admirável Bruno Monguzzi (Ok, Ok, aquele número teatral do Sara era dispensável) e outra do enérgico e bem humorado Bierut.

No final ainda tive oportunidade de ver o Artur Rebelo (impressão minha ou com isto perdeu uns quilos?), com as provas do catálogo nas mãos, e de lhe dar os parabéns. A capacidade de iniciativa, o esforço e o trabalho dos R2 na organização (pesada) deste encontro AGI merecem os maiores elogios. A propósito, para outra ocasião fica também a reflexão sobre o actual papel do designer como curador.

Este evento AGI encerra com a exposição “Mapping the Process” cuja inauguração será esta sexta-feira. Encontramo-nos lá.

PERFIL

REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com