Wednesday, March 06, 2013
Agora em Wordpress
O Reactor está agora em Wordpress. Siga-nos aqui: http://reactorblogue.wordpress.com/
Thursday, February 28, 2013
Mudar
O meu colega e amigo Andrew Howard perguntava-me ontem pelo Reactor. Nos últimos tempos, em que as actualizações no blogue se foram tornando mais espaçadas, perguntar pelo Reactor significava perguntar pelas razões de não aqui não publicar com mais regularidade e, implicitamente, expressavam essa vontade de poderem encontrar neste espaço um lugar de leitura, reflexão e discussão muito regular.
Já hoje pensei em escrever um post sobre as razões de aqui não escrever e as descrições de onde e (sobre o quê) tenho escrito. Em vez disso, optei por mudar. O Reactor já emigrou para o Wordpress e dar-se-à a conhecer nos próximos dias.
Já hoje pensei em escrever um post sobre as razões de aqui não escrever e as descrições de onde e (sobre o quê) tenho escrito. Em vez disso, optei por mudar. O Reactor já emigrou para o Wordpress e dar-se-à a conhecer nos próximos dias.
Sunday, October 07, 2012
MANIFESTO PARA O DESIGN PORTUGUÊS
2. Num
momento em que a nossa autonomia enquanto estado-nação é atacada por uma insuportável
ingerência externa, num contexto em que o país está preso a orientações de
credores externos, na mesma altura em que a carga fiscal ultrapassa os 48% do
PIB, em que o desemprego é de 16%, em que o descrédito nos políticos é total,
em que o desalento e o pessimismo nos dominam, nós assumimos a nossa quota
parte de responsabilidade na sensibilização, mediação e mobilização sociais; na
construção crítica do presente; na procura de alternativas futuras.
3. Nós não nos revemos, identificamos ou
conformamos com a actual situação cultural, social, política e económica do
país; defendemos uma maior e mais efectiva responsabilização colectiva - dos
governantes e dos governados – e defendemos a procura de formas alternativas de
fazer política, de fazer cultura, de fazer negócios e de fazer design. O design
é um processo activo de transformação contextual; nós defendemos a
consciencialização dos designers para uma compreensão do projecto enquanto
realização de um acção socialmente eficaz.
4. Nós rejeitamos a ditadura do financeiro e
defendemos a defesa de valores fundamentais, de respeito pelo trabalho, de
equidade, de pluralismo, de participação, de liberdade. Nós defendemos a
importância do papel do design na comunicação e construção de alternativas.
Acreditamos que a democracia é o governo através da discussão. Defendemos o
envolvimento dos designers no assegurar a amplitude e a qualidade da discussão,
tornando-a o mais o quotidiana e pragmática possível.
5. Nós defendemos que o design deve ter uma agenda que resulte da discussão dos
valores, da discussão acerca da utilidade e da eficácia da disciplina, conseguida
de forma alargada e em mais do que um forum:
no movimento associativo; nas escolas; nas empresas de design; nos meios de
comunicação social.
6. Nós defendemos que essa agenda seja capaz de posicionar o design
português, de forma clara, objectiva e pragmática, perante questões sociais,
políticas, culturais, económicas, tecnológicas e éticas que afectam o país e os
cidadãos. Nós comprometemo-nos a criar um grupo de trabalho, aberto à
participação de todos, capaz de desenvolver acções que garantam a prossecução
das intenções do presente manifesto.
7. Nós defendemos que o design e os designers
portugueses sejam valorizados, promovidos e defendidos; nós apelamos às
associações e às escolas para assumirem a sua responsabilidade na defesa
intransigente de uma proposta crítica e exigente para o design e a sua prática
profissional. Nós apelamos a uma maior politização da prática do design, a uma
maior interferência dos designers na programação cultural e social, a uma maior
consciencialização dos designers do seu papel produtivo.
8. Nós acreditamos no design como uma forma
de produção social, e não como acto isolado de criatividade. Nós defendemos uma
prática do design centrada na prestação de serviços do designer a um cliente,
envolvendo respeito mútuo, empenho na procura da melhor solução, de forma a que
cada projecto contribua para a valorização da profissão e para a qualificação dos
valores da cidade e da cidadania. Mas, também, defendemos a procura de práticas
alternativas, auto-propostas e auto-geridas, sejam ou não pro bono. Defendemos a valorização dos designers, a sua liberdade
autoral e condenamos a sua menorização e exploração; valorizamos a formação em
design, a diversidade de formas, processos e manifestações de projecto;
combatemos os estágios não remunerados, a precariedade profissional e quaisquer
formas de descriminação que não se fundamentem em critérios qualitativos
transparentes.
10. Nós, abaixo assinados, lutaremos para que
o design português possa gerar narrativas fortes, que de forma pragmática e
ideologicamente fundamentada, possam voltar a enunciar, de modo pertinente e
efectivo, palavras como utopia, liberdade, igualdade ou revolução.
Redactor:
José Bártolo
Subscritores:
Alejandra Jaña
Ana Rainha
António Modesto
Aurelindo Jaime
Ceia
Carlos Guerreiro
Eduardo Aires
Emanuel Barbosa
Joana Bertholo
João Alves Marrucho
João Bicker
João Martino
José Bártolo
José Carlos
Mendes
Luís Alvoeiro
Luísa Barreto
Marco Balesteros
Marco Reixa
Mário Moura
Nuno Coelho
Pedro Marques
Sofia Gonçalves
Vera Tavares
Valdemar Lamego
Victor M Almeida.
Saturday, September 15, 2012
MANIFESTEMO-NOS!
Hoje vou participar na manifestação da Av. dos Aliados, no Porto, esperando ser um de muitos milhares que percebem que a cidadania não é uma noção abstracta, vaga ou indefinida; antes uma experiência de organização social, na qual nós, cidadãos, conhecedores dos nossos deveres e direitos, no uso da nossa liberdade e responsabilidade, fazemos política.
Manifesto-me por todas as razões; vou manifestar-me como cidadão, que não esqueceu os princípios da democracia representativa e que não se sente representado por quem me governa; vou-me manifestar contra: contra a ditadura do financeiro sobre o social, o económico, o político; contra a incompetência, a ignorância e arrogância do governo; contra medidas concretas, falta de medidas concretas, contra um estado de coisas, que atingiu contornos obscenos.
E vou-me manifestar a favor: em defesa de alternativas, na procura de alargar o espaço de diálogo, sabendo que manifestar-me é, ainda, uma forma de tornar o empobrecido sistema democrático em que vivemos um pouco mais saudável.
Dentro de alguns dias, será publicado na Arte Capital um texto onde exponho os argumentos em defesa de uma mobilização do design face à actual a situação política e social nacional. Congratulo-me pela forma como, na preparação mesmo, da manifestação de hoje, muitos e muitos designers, contribuíram nas redes sociais, nos blogues, nos estúdios ou nas mesas do café, para mobilizar, informar, "armar". Os inúmeros cartazes que foram sendo produzidos, as inúmeras mensagens que foram sendo construídas, oferecem-nos essas armas que, hoje e sempre, devemos usar.
Tuesday, August 07, 2012
Leituras de Verão
Há vários anos que o meu mês de Agosto não é ocupado com grandes
leituras. É um mês dedicado a visitar cidades e acordar no campo, a aproximar-me
da experiência do flâneur, a dormir/não dormir, a esperar o pôr do sol em
conversas longas, entre copos, com amigos.
Mas inevitavelmente há livros que me acompanham e leituras que
se programam, mesmo que acabem adiadas.
Entre essas escolhas encontra-se um clássico, Essays in Design de John Christopher Jones publicado em
1984 mas reunindo ensaios, na sua maioria, dos anos 70. Se o Design Methods de
Jones me parece, actualmente, menos interessante, pelo contrário alguns destes
ensaios revelam uma frescura e inteligência notáveis.
No prefácio, datado de Agosto de 1982, Jones identifica um
conjunto de tendências que influenciavam “não só o design mas a cultura em
geral” e, com evidente actualidade, fala-nos do autor como usuário, da teoria
da auto-poiésis ou do movimento empreendedor.
Cruzando referencias histórica e disciplinarmente distintas,
propondo inusitados diálogos entre John Cage, Kant, Jung e Whitman, os ensaios
de Christopher Jones ora avançam no sentido de uma crítica da cultura ora se aproximam de
uma ontologia do design, perspectivando a disciplina a partir de conceitos como
o desejo, o acaso, a utopia ou a felicidade. Particularmente adequado parece-me
o capítulo 4 “Coisas de Agosto”.
Outro clássico, ao qual regressei recentemente, é Exhibition Design: Theory and Practice de Arnold Rattenbury. É um delicioso livrinho, da magnífica coleção da Studio
Vista/Van Nostrand Reinhold, publicado no início dos anos 70. Bem arrumados em quatro partes – “The Object
of the exercise”; “The People Involved”; “The designer’s exercise” e “The Client’s
Object” – encontram-se tratadas e profusamente exemplificadas as situações essenciais ligadas aos
projectos expositivos.
Obra recente é Design as Politics de Tony Fry,
cuja leitura ainda mal iniciei. O argumento central da obra é exposto por Fry,
com clareza, no texto de introdução: “The central argumente of the book is that
democracy is unable to deliver Sustainment (the post-Enlightenment project
beyond “sustainability”). Why this is the case, and the implications of the
statement” são as questões centrais de um livro que me pareceu revelar uma
escrita escorreita e um pensamento inteligente.
Dentro da leitura política, regresso ao A Política dos Muitos,
publicado em 2010, pela Tinta da China (mais uma bela capa da Vera Tavares) no âmbito da exposição Povo-People organizada pela Fundação
EDP. Já tive oportunidade de ler e trabalhar alguns dos ensaios aqui
reunidos – como os de Éttienne Balibar, Agamben ou Tony Negri – mas outros aguardam
ainda a altura propícia, espero nomeadamente ter tempo para ler a “História
subalterna como pensamento político” de Dispesh Chakrabarty.
Chegando a tempo, também seguirá a viagem The Transdisciplinary Studio de Alex Coles, encomendado há pouco tempo; é essencialmente um livro de entrevista, que
aguardo com interesse.
Se a mochila comportar, ainda levarei comigo, por compromissos de trabalho, o The European Iceberg, editado por German Celant, e algumas
revistas que ainda esperam ser lidas ou sequer folheadas, como a última Back Cover ou a primeira (e até
agora única) Figure.
Thursday, July 26, 2012
1 + 1 Design Gráfico
A exposição 1+1 Design Gráfico João Machado + José Brandão esteve esta semana em destaque no Diário da Câmara Clara, aqui fica o link.
Monday, July 23, 2012
Museu Virtual do Design Português
Uma das consequências positivas do crescimento do contexto académico de design, nomeadamente o grande aumento do número de alunos de mestrado e doutoramento ao longo da última década, foi o aparecimento de trabalhos sobre história do design em Portugal.
Algumas teses resultaram já em publicações, como o recente Design Gráfico em Portugal de Margarida Fragoso; inúmeras outras podem ser consultadas on-line, mostrando uma particular atenção aos estudos monográficos (Sebastião Rodrigues, António Garcia, Maria Keil, Fred Kradolfer...).
Continuando a faltar um trabalho de outro fôlego, capaz de apresentar de forma mais sistematizada a história do design português (que Maria Helena Souto começou a contar mas detendo-se, para já, no início do século XX), ainda assim com muita regularidade surgem trabalhos e projectos interessantes.
O Museu Virtual do Design Português é um desses projectos interessantes. Desenvolvido no contexto do curso de design da Universidade de Aveiro e aproveitando o trabalho de pesquisa dos alunos da unidade curricular de história do design português, apresenta-nos um arquivo em permanente actualização. Se consultado hoje, várias são as ausências que se fazem notar (faltam lá TOM, Manuel Rodrigues, Câmara Leme e muitos outros), diversos são os designers referenciados mas sobre os quais falta enquadramento (veja-se o exemplo de Victor Palla) mas estas lacunas, sobretudo num projecto em progresso, nada anulam ao mérito da iniciativa.
Da minha parte, espero que este Museu Virtual possa continuar a crescer: em obras, em informação e em público.
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- REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com