Sunday, February 15, 2009
Quando comparados, o plano tecnológico português e a agenda tecnológica da presidência Obama-Biden, uma diferença salta à vista: no plano Obama a inovação tecnológica raramente aparece entendida com um fim em si mesmo mas, antes, como um instrumento de auxílio da inovação sócio-política.
No site oficial do Plano Tecnológico – site aliás banalíssimo, desenhado pela empresa Webdote - lê-se:
“O Plano Tecnológico é uma agenda de mudança para a sociedade portuguesa que visa mobilizar as empresas, as famílias e as instituições para que, com o esforço conjugado de todos, possam ser vencidos os desafios de modernização que Portugal enfrenta. No quadro desta agenda, o Governo assume o Plano Tecnológico como uma prioridade para as políticas públicas.”
Como escreveu Mário Moura “Não se pode falar de identidade em Portugal sem falar de periferia e de atraso. É assim que nos descrevemos a nós mesmos; é esse o diagnóstico que já está feito há muito. Uma das soluções pode ser, segundo parece, o design. Nos telejornais e nos tempos de antena, o design é inovação, pode ajudar-nos a recuperar do nosso atraso, a aliviar a nossa condição periférica.”
Inovação, Tecnologia & Design tornaram-se palavras-francas de um tecnocracês politicamente correcto. A banalização das palavras – tendencialmente contagiadora de uma banalização das acções – é tão mais preocupante porque anula a sua emergência.
Num outro sítio expressei a minha desilusão com o debate sobre design promovido em Davos. De algum modo esse debate mostrou sinais de uma legitimação por parte dos designers desta visão superficial do design.
E no entanto, não renego a importância do design na reacção à crise; não contesto a importância da inovação, nem da tecnologia. Pelo contrario defendo, a necessidade de uma, melhor definida, agenda, que requisite o design no desenvolvimento de estratégias de inovação sócio-política, orientada para três grandes campos de intervenção: o campo material; o campo psicológico e o campo cultural. No trabalho, simultaneamente de intervenção, exploração e resistência a desenvolver no campo cultural - na exploração de novas alternativas às estruturas sociais e económicas; na exploração de novas possibilidades, rasgando horizontes utópicos sobre o espaço, mesmo, do plano imaginário e ritual; na democratização do espaços públicos e público-mediáticos; na intensificação de uma perspectiva crítica sobre as coisas – reside, creio, a base para uma renovação das práticas do design, condição de possibilidade para a necessária eficácia do design sobre a crise – genericamente crise de modelos e valores – que afecta a contemporaneidade.
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- REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com
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