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Haverá ainda espaço para o design? Francamente, ele é muito reduzido. A enorme complexidade dos problemas do nosso ambiente obriga-nos a tentar resolvê-los tecnicamente e já vimos, quando discutimos a teoria de Buckminster Fuller, a que grau de abstracção pode chegar a imaginação tecnológica abandonada ao livre jogo das suas infinitas possibilidades e, sobretudo, sem o auxiliar da imaginação social.
(...) Pela primeira vez vivemos a ilusão da impunidade absoluta: quer dizer que, pela primeira vez, se nos torna possível desencadear acções sem nos preocuparmos com os seus eventuais efeitos. Fala-se muito em inovação (e ainda mais frequentemente de revolução), mas não se quer saber quais os riscos que daí poderiam provir; recusa-se admitir que, em cada domínio, o comportamento inovador é um acto de gestão, de gestão destinada a controlar o risco e a medir as consequências.
Neste sentido, comportamento inovador e comportamento projectual são muito semelhantes: os dois agem na mesma frente, quer dizer, tentam probabilizar o risco implícito em cada incerteza, identificar o maior risco que possa imaginar.
Tomás Maldonado, Meio Ambiente e Ideologia (1970).
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