Saturday, January 02, 2010




DOIS MIL/DOIS MIL E NOVE (PARTE 1)


Steven Heller, em artigo da Voice, chamou à primeira década do Século XXI “the decade of dirty design”, Eduardo Pitta, no seu balanço da década feito para a revista Ler, fala n’ “os anos do caos”. Em termos de design, esta foi a década em que regressámos aos anos 1970 e fomos capazes de fazer investidas aos 80 construíndo, pelo meio, alguma identidade. Foi a década do terrorismo e do design social, do DIY, do Co-Design, do DesignArt; a década do blogues e da redes sociais; da crítica do design e do regresso à performance; da crise económica, de Obama e de uma nova atenção à dimensão política do design.

Para uma aproximação a estes anos, o Reactor publica, em duas partes, a timeline da década. Estando longe de ser completa, a lista que agora se apresenta presta-se, pois, a ser completada. A Segunda parte surgirá nos próximos dias.


*DOIS MIL_2000*





O número de Janeiro/Fevereiro da revista Page entrevista o designer João Nunes, na capa destaca-se uma frase “Não há design em Portugal”.


A marca MGlass é lançada, 24 designers passam a colaborar com empresas vidreiras da Marinha Grande.

É publicado o livro João Machado e a Criação Visual, com texto de Bernardo Pinto de Almeida e design Gráfico João Machado.

Publica-se o Nº 4 da revista Portugal Design dirigida por Hélder Martins.





A excelente revista Erzats do Centro Português de Fotografia paginada pelo Studio Andrew Howard, cujo primeiro número surge em Julho de 1999 (com um portfolio de Victor Palla no ano em que ganhara o Prémio Nacional de Fotografia) publica em Março o seu número 3.

Em Março, inaugura na Cordoaria Nacional a exposição Liberdade e Cidadania comissariada por Henrique Cayatte e integrada nas comemorações do 25º aniversário do 25 de Abril de 1974. No mesmo mês inaugura na Gare Marítima de Santa Apolónia a exposição Re(f)Use organizada pelo Centro Português de Design.

30 de Abril, último dia da exposição Andy Wharol: A Factory é marcado por uma gigantesca concentração de pessoas em Serralves procurando ver a exposição.

A gráfica Monumental comemora 50 anos festejados no Teatro São Carlos.

É criado o atelier Martinojana.


Jorge Silva é convidado pelo Público para dirigir os suplementos Mil Folhas e Y, o atelier Silva!Designers é criado para esse efeito.


Em Junho sucede o lançamento do catálogo Reflex#1, documentado a primeira edição da Experimentadesign.


A magnífica exposição multidisciplinar Portugal 1900 inaugura em Setembro na Fundação Calouste Gulbenkian.


Em Setembro, a Câmara Municipal de Lisboa celebra um protocolo com a Experimenta através do qual oficializa a cedência de um espaço na Quinta do Contador-Mor, nos Olivais.


Projecto Mnemosyne, a mais marcante exposição dos Encontros de Fotografia de Coimbra inaugura a 4 de Novembro.






Os ecos provocados pela publicação do manifesto First Things First 2000 fazem-se sentir em diversas publicações e conferências. Publicado no início do ano, No Logo de Naomi Klein torna-se, a par do FTF2000, a referência do design activista do início da década.


A Tate Modern de Londres é inaugurada em Maio e o Museu Cooper Hewitt cria os National Design Awards.

O Design for Democracy, criado pela AIGA, lança uma iniciativa para redesenhar e estandardizar os boletins e cabines de voto.

O livro Typography Now: The Next Wave de Rick Poynor com design editorial dos Why Not Associates é publicado.

Andrew Blauvelt publica Towards a complex simplicity no nº 35 da Eye.

É publicado o Nº1 da revista Dot Dot Dot com um editorial de Max Bruinsma Mars Calling Earth, o nº 2 incluirá um dos mais extraordinários ensaios da década: “I’M only a designer: the double life of Ernest Bettler” atribuído a Christopher Wilson.

É publicado o Nº1 da revista Cabinet.

Elliot Earls desenha a Elliott's Blue Eyeshadow Typeface que será usada pela Emigre.

Em Março inaugura, em Nova York, a National Design Triennial: Design Culture Now.

Chip Kidd desenha a capa de Pastoralia de George Saunders.

Andrew Howard publica Design beyond commodification no número 38 da revista Eye.




*DOIS MIL E UM_2001*


Mário Feliciano desenha a família de fontes Morgan Sans.

No final de Janeiro, a exposição dedicada a Bartolomeu dos Santos, no Centro Cultural de Cascais, chega ao fim.

O número 1 da revista I/I Idade da Imagem, publicada pelo IADE, aparece em Janeiro com design gráfico de Martim Lapa.

Em Fevereiro, inaugura em Serralves a exposição Porto 60/70: Os Artistas e a Cidade organizada em parceria com a cooperativa Árvore.

O atelier Flúor desenha a programação para a Temporada de Música e Dança da Fundação Calouste Gulbenkian.





A publicação Flirt, criada em 1998 pela ZDB, continua a ser publicada com design dos Barbara Says.

A Silva!Designers assume o design gráfico da LX Metrópole.





A Albuquerque Designers desenha o logótipo da Porto 2001.

Cartaz para a exposição Quem Vê Caras Não Vê Corações de José Manuel Rodrigues desenhado por Rui Mendonça.


A Porto 2001, da qual Paulo Cunha e Silva é o principal programador, sucede em vários locais da cidade do Porto.

A Associação Extra.Muros organiza em Marvila a Lisboa - Capital do Nada.

Em Setembro inaugura a EXD2001, segunda edição da Bienal de Design de Lisboa, dedicada ao tema Modus Operandi. Na RTP2 passa a ser transmitido o programa EXDMagazine dedicado às actividades da Bienal.


Em Dezembro, Jacques Rancière fala em Lisboa sobre o tema do fim da arte.


Inaugura a primeira loja Apple e no mesmo ano Steven Jobs anuncia ao mundo o iPod.

Em Fevereiro, a Aiga organiza em N.Y. a conferência Looking Closer: Aiga Conference on Design History and Criticism.

Stefan Sagmeister e Peter Hall publicam Sagmeister: Made You Look.




Setembro de 2001, o World Trade Center de Nova York projectado em 1973 por Minoru Yamasaki é alvo de um gigantesco ataque terrorista.


A Adbusters lança o número Design Anarchy.


Outubro, realiza-se a conferência Declarations of (inter)dependence na Concordia University de Montreal.




*DOIS MIL E DOIS_2002*


Instala-se a crise no IPM, os museus, sem dinheiro, fazem cortes na programação e nos horários.


A Albuquerque Designers ganha o Prémio Nacional de Design atribuído pelo CPD.

Mário Feliciano desenha a FTF Flama que será usada pelo jornal dinamarquês Politiken.


A exposição dedicada ao pintor, músico e coleccionador Alfredo Keil, inaugurada em Dezembro no Palácio da Ajuda, prolonga-se até Abril.


São publicados os livros ConTradições com design gráfico de Eduardo Aires e Mineiros com design gráfico de João Machado.


Em Janeiro, é colocado on-line o primeiro post do City of Sound o blogue de Dan Hill.


A Allworth Press publica o Looking Closer 4, tendo como editores os principais críticos de design da década: Michael Bierut, William Drenttel e Steven Heller.


O Backspace/Social Design Notes nasce em Maio.


É publicado o artigo Notes around the Doppler Effect and Other Moods of Modernism de Robert Somol e Sarah Whiting no nº33 da Perspecta.





O interface precrime de Minority Report desenhado pelos Imaginary Forces e Schematic impulsiona a inovação em sistemas de interface comerciais.

É criado o Flickr desenvolvido pela Ludicorp.


Kyle Cooper e Brian de Palma criam a sequência de abertura de Spider-Man.


No rescaldo do 11/09, Stefan Sagmeister publican a I.D. Magazine o artigo How Good is Good? onde analisa as prioridades que orientam o seu trabalho.

Wladyslaw Pluta desenha o cartaz para a exposição Image of Jazz Polish Posters, enquanto nos Estados Unidos Michael Bierut contribui igualmente para a renovação da linguagem do cartaz através do seu posters para a Yale University School of Architecture.


Dirk Uhlenbrock desenha a techno type Electrance Typeface.




*DOIS MIL E TRÊS_2003*


Em Janeiro, a Drop de João Faria começa a trabalhar com o TNSJ associando uma nova imagem gráfica à instituição.


A 28 de Fevereiro, iniciam-se os Personal Views, organizados por Andrew Howard na ESAD de Matosinhos, com a conferência do autor do manifesto First Things First o designer gráfico britânico Ken Garland.


Em Março, a FIL recebe o congresso internacional de design Use(r) organizado pelo Centro Português de Design.

Em Abril, inaugura a exposição Arte e Desenhos Publicitários: O Vício da Liberdade marcando uma colaboração entre o Museu de Arte Moderna de Sintra e a Colecção Berardo.

O workshop Bright Minds, Beautiful Ideas, orientado pelos designers Ed Annink, Martí Guixé e Jurgen Bey, organizado pela Experimenta, decorre no CCB em Maio.

A ZBD organiza o ciclo Veneer – Folheado, o catálogo do evento é da autoria de Mackintóxico.


O catálogo Influx: Recent Portuguese Architecture, com design gráfico do Studio Andrew Howard, é publicado.


É publicado o primeiro número da revista NADA com coordenação de João Urbano e design gráfico de Manuel Granja.


Inicia-se a publicação dos Cadernos do Rivoli com design de Pedro Marques.


É publicado o livro Collected Short Stories de Daniel Blaufuks com design gráfico do próprio Daniel Blaufulks.


Em Setembro, inaugura a ExperimentaDesign 2003 compreendendo 24 eventos.


É inaugurado o London Design Museum http://designmuseum.org de Londres.







São publicados os livros de Steven Heller e V. Vienne, Citizen Designer: Perspectives on Design Responsibility e Rick Poynor No More Rules: Graphic design and Postmodernism.


A noção de Design Thinking é referenciada num artigo da BusinessWeek.


É publicado o livro Designing with Web Standards de Jeffrey Zeldman.


A 09 de Setembro aparece o primeiro post do Design Observer um texto de William Drenttel sobre Paul Rand.


Andrew Blauvelt publica o artigo Towards critical autonomy, or can graphic design save itself? No número 64 da revista Emigre.

Vince Frost passa a fazer a Direcção de Arte da revista Zembla.


A Aiga organiza em Outubro a conferência The Power of Design.


Em Novembro, é publicada a entrevista de Edward Tufte ao I.D. Magazine onde partilha o horror ao PowerPoint que considera “contrary to my work of analytical design”.


Em Dezembro, um post de Rick Poynor no Design Observer contribui para a aclamação dos Experimental Jetset.




*DOIS MIL E QUATRO_2004*


O design gráfico dos eventos Lux-Frágil é da RMAC, impondo Ricardo Mealha como o designer trendy português da primeira metade da década.

A 28 de Fevereiro é publicado o primeiro post do Designer X “Que fenómeno”


Em Fevereiro, José Bragança de Miranda pública na Interact n. 10 o ensaio O design como problema.


O blogue Ressabiator é criado a 26 de Março por Mário Moura, o mais determinante crítico de design português da década.






O atelier R2 desenha o cartaz Boca para o Teatro Bruto.

É publicado o número 1 da revista Boca de Incêndio com design gráfico de Alexandre Gamelas.

Em Maio, a Fundação de Serralves acolhe a exposição dos Homeostéticos, 6=0 Homeostética; seguir-se-à, em Setembro, a exposição Behind the Facts. Interfunktionen 1968-75.

Com uma programação inovadora, a Fundação Calouste Gulbenkian acolhe os Capitals. O catálogo é desenhado por Carlos Gomes e Mário Feliciano.

O blogue Desígnio, de Luís Inácio, é criado em Outubro.

O atelier MartinoJana cria a imagem gráfica para o Guimarães Jazz 2004.

O atelier Albuquerque Designers conquista 1º Prémio do Concurso Internacional para a criação das Mascotes das Olimpíadas de Inverno “Torino 2006”.

O atelier de Francisco Providência desenvolve o projecto de identidade e sinalética da Universidade do Minho.


É publicado o catálogo da empresa Lasa com design gráfico do atelier Nunes e Pã.






A Dove Campaign for Real Beauty é criada por Ogilvy&Mather.


Em Fevereiro, surge a publicação on-line Voice: Aiga Journal of Design.

Andrew Blauvelt é entrevistado em Fevereiro no Speak Up.



Rick Poynor publica em Abril no Design Observer Critics and Their Purpose.


Em Abril, Adrian Shaughnessy publica o artigo The Cult of graphic design na Creative Review.



A Kunsthal Gallery apresenta uma retrospectiva de Jan Van Toorn.


É publicado o livro de Bruce Mau Massive Change.


Em Julho, nasce o BLDGBLOG.


Agosto, o editor da Creative Review Patrick Burgoyne desafia Rick Poynor e Michael Bierut a discutirem What is Design for?

O livro Thinking with Type de Ellen Lupton é publicado.


Setembro, Michael Bierut publica o post Graphic Designers, Flush Left?


É publicado o primeiro volume de The Photobook: A History de Martin Parr e Gerry Badger. A referência a Lisboa, Cidade Triste e Alegre de Victor Palla e Costa Martins contribui para o reconhecimento, ainda em vida, da grandeza da obra de Palla e para o seu desaparecimento das estantes dos alfarrabistas.




*DOIS MIL E CINCO_2005*


A Casa da Música no Porto é inaugurada, para trás ficaram sucessivas polémicas e derrapagens de prazos e orçamentos.

Dino Santos publica a fonte Andrade, um dos pontos altos do typedesign português da década.

A Typographica elege a fonte Lisboa de Ricardo Santos como uma das melhores do ano.


Inicia-se a colaboração de João Bicker com as edições Fenda impondo as suas capas tipográficas em Monotype Modern Extended.

Hugo D'Alte publica o tipo de letra Kaas na editora norte americana Village.


A Drop desenha o cartaz para a peça UBU para o TNSJ.

São publicados vários catálogos (Eduardo Nery, Marcel Broodthaers etc.) para a Fundação Calouste Gulbenkian com design gráfico de Pedro Falcão/Secretonix.


É publicado o livro O nome que no peito tinhas escrito, para o IPPAR, com design de Barbara Says.


Junho, o nº5 Junho de 2005 da revista NADA publica uma entrevista com Mário Moura “O Design na era do design: a moral das coisas” para além de chamar a atenção para a reflexão sobre design na blogosfera, a entrevista inaugurava, para um público mais alargado, uma nova visao crítica sobre o ensino, os valores e a política do design.


Junho, tem lugar o workshop sobre activismo gráfico coordenado por José Bártolo, Erik Edigaard e Max Bruinsma no IADE, do qual resultará um mural apresentado na EXD05.






Em Setembro, arranca a 4ª edição da ExperimentaDesign sob o tema “O Meio é a Matéria". Entre as exposições destaque para Catalysts! A Força Cultural do Design de Comunicação.


Outubro, Eduardo Prado Coelho publica do Público o artigo “O Design Generalizado”.


É publicado o catálogo Casa Portuguesa com design gráfico da Flatland.


João Machado desenha o cartaz para o Dia Mundial da Água.


É publicado o livro Far Cry de Paulo Nozolino com design editorial dos R2.


O atelier Martinojana cria a identidade do festival Guimarães Jazz 2005 para o Centro Cultural Vila Flor com um uso bastante sofisticado da tipografia.



Adrian Shaugnessy publica o livro How to Be a Graphic Designer Without Losing Your Soul e Steven Heller publica The Education of a Graphic Designer e ainda o Looking Closer 5.


Nicolas Negroponte apresenta o computador OLPC.

Em Janeiro, Nick Currie publican a Voice o artigo Design as Religion.


A Princeton Architectural Press publica Dot, Dot, Dot X.


Junho, nasce o ForoAlfa, que se tornará espaço de referência sobre a reflexão em design de língua espanhola.

Permanece o protagonismo do design gráfico holandês, exemplificado pelo inicio da colaboração do Studio Dumbar com a Amsterdam Sinfonietta e pelos cartazes dos Experimental Jetset para a companhia Vrouw van Vroeger.


Em Setembro, Victor Margolin apresenta The citizen designer na conferência no Ontario College of Art and Design.

Setembro, Rick Poynor publica o post Where are the design critics?


Philip Johnson, um dos nomes mais influentes do pensamento moderno, morre aos 99 anos.

1 comment:

Um dos que lê sempre mas não comenta said...

Para quando a 2ª metade da década?

PERFIL

REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com