Há vários anos que o meu mês de Agosto não é ocupado com grandes
leituras. É um mês dedicado a visitar cidades e acordar no campo, a aproximar-me
da experiência do flâneur, a dormir/não dormir, a esperar o pôr do sol em
conversas longas, entre copos, com amigos.
Mas inevitavelmente há livros que me acompanham e leituras que
se programam, mesmo que acabem adiadas.
Entre essas escolhas encontra-se um clássico, Essays in Design de John Christopher Jones publicado em
1984 mas reunindo ensaios, na sua maioria, dos anos 70. Se o Design Methods de
Jones me parece, actualmente, menos interessante, pelo contrário alguns destes
ensaios revelam uma frescura e inteligência notáveis.
No prefácio, datado de Agosto de 1982, Jones identifica um
conjunto de tendências que influenciavam “não só o design mas a cultura em
geral” e, com evidente actualidade, fala-nos do autor como usuário, da teoria
da auto-poiésis ou do movimento empreendedor.
Cruzando referencias histórica e disciplinarmente distintas,
propondo inusitados diálogos entre John Cage, Kant, Jung e Whitman, os ensaios
de Christopher Jones ora avançam no sentido de uma crítica da cultura ora se aproximam de
uma ontologia do design, perspectivando a disciplina a partir de conceitos como
o desejo, o acaso, a utopia ou a felicidade. Particularmente adequado parece-me
o capítulo 4 “Coisas de Agosto”.
Outro clássico, ao qual regressei recentemente, é Exhibition Design: Theory and Practice de Arnold Rattenbury. É um delicioso livrinho, da magnífica coleção da Studio
Vista/Van Nostrand Reinhold, publicado no início dos anos 70. Bem arrumados em quatro partes – “The Object
of the exercise”; “The People Involved”; “The designer’s exercise” e “The Client’s
Object” – encontram-se tratadas e profusamente exemplificadas as situações essenciais ligadas aos
projectos expositivos.
Obra recente é Design as Politics de Tony Fry,
cuja leitura ainda mal iniciei. O argumento central da obra é exposto por Fry,
com clareza, no texto de introdução: “The central argumente of the book is that
democracy is unable to deliver Sustainment (the post-Enlightenment project
beyond “sustainability”). Why this is the case, and the implications of the
statement” são as questões centrais de um livro que me pareceu revelar uma
escrita escorreita e um pensamento inteligente.
Dentro da leitura política, regresso ao A Política dos Muitos,
publicado em 2010, pela Tinta da China (mais uma bela capa da Vera Tavares) no âmbito da exposição Povo-People organizada pela Fundação
EDP. Já tive oportunidade de ler e trabalhar alguns dos ensaios aqui
reunidos – como os de Éttienne Balibar, Agamben ou Tony Negri – mas outros aguardam
ainda a altura propícia, espero nomeadamente ter tempo para ler a “História
subalterna como pensamento político” de Dispesh Chakrabarty.
Chegando a tempo, também seguirá a viagem The Transdisciplinary Studio de Alex Coles, encomendado há pouco tempo; é essencialmente um livro de entrevista, que
aguardo com interesse.
Se a mochila comportar, ainda levarei comigo, por compromissos de trabalho, o The European Iceberg, editado por German Celant, e algumas
revistas que ainda esperam ser lidas ou sequer folheadas, como a última Back Cover ou a primeira (e até
agora única) Figure.
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