Tuesday, November 03, 2009




SOMETIMES I WONDER
por John Getz


Passei o último fim de semana a desencaixotar livros que tinham ficado guardados num pequeno apartamento em Lauderdale no Minneapolis.

Algumas dessas caixas guardavam livros de artista comprados nos últimos anos, muitos deles por ocasião de viagens à Europa e visitas a feiras de pequenos editores.

Foi com um imenso prazer que, demoradamente, me dediquei a cada livro que retirava do escuro da caixa de cartão onde estavam depositados. O que começou por uma decisão prática de não adiar a necessária arrumação de um pequeno apartamento há algum tempo desabitado tornou-se, naturalmente, numa espécie de ritual que só pôde ser realizado depois de escolhida a música certa para o acompanhar e de aberto o vinho ideal para a ele se associar. Então sim, pude atentamente folhear o livro sobre Tumarkin publicado pela Har-El, ou o livro sobre Paul Celan editado pela Editions du Capricorne, pude recordar livros que me esquecera que tinha, como o lindo livro de Simon Lewis editado pela Passenger Books, pude reflectir sobre diferentes identidades editoriais através dos livros da Filigranes, da Onamatopee, da Art&Fiction ou da Roma Publications.

No final da noite as caixas de livros estavam vazias, a garrafa de vinho estava vazia, e no chão acumulavam-se pequenas colunas de livros formando interessantes esculturas. A imagem dessas torrezinhas de livros terá sido a última que registei antes de adormecer. Nessa noite sonhei sobretudo com livros. Na verdade, também tive um sonho bizarro onde via David Byrne a passear de bicicleta nas ruas de Lauderdale enquanto nevava. Só um detalhe: os flocos de neve eram pequenos e levíssimos livros.

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