Friday, September 28, 2007



designer: Ron Costley
título: Design For Society
autor: Nigel Whiteley
editor: Reaktion Books, 1993
disponível em Amazon.com




No ensaio “Can Design be socially responsible?” publicado em 1992 no AIGA Journal, Michael Rock afirma, de um modo muito lúcido, que “Responsibility is the design buzz word of the nineties”. Esta insistência no tópico da “responsabilidade social” do design, explícita das conferências da AIGA, num número significativo de publicações e que desemboca, simbolicamente, na (re)edição em 1999 do Manifesto First Things First, publicado originalmente por Ken Garland em 1964, atravessa efectivamente os anos de 1990 coincidindo, por um lado, com a “politização” do discurso dos professores de design e dos designers e, por outro lado, com uma nova requisição ideológica do design não apenas por instituições e ONG’s mas, igualmente, por empresas comerciais.

Se, na esteira de Victor Papanek, Michael Rock afirma que “the designer’s social responsibility is a responsibility for creating meaningful forms”, devemos considerar que os processos que produzem formas de legitimação de sentido são sempre discutíveis. Certo é, que não havendo neutralidade em design – a prática projectual serve sempre alguma forma de poder – a consciência crítica do designer manifesta-se decisiva pois, em última análise, a responsabilidade coincide com o capacidade de assumir e justificar as opcções tomadas.

Em torno dessa “buzz word” da responsabilidade social se desenvolve este livro de Nigel Whiteley, o autor de "Pop Design" (1987), “Design For Society”. No Prefácio da obra, Whiteley esclarece qual o seu objectivo “Design For Society seeks to examine the ideology of design in our society”, análise ideological esta que, Segundo o autor, recuperaria uma preocupação teórica associada ao design que remonta ao Século XIX e autores como A. Pugin e John Ruskin e que, já no Século XX, encontra em Papanek um dos autores seminais.

As transformações radicais que marcam o design durante a década de 1980 – “a frantic period of design” – e a consequente indefinição acerca das competencies, valores e lógicas de intervenção disciplinar que daí resultam marcam o enquadramento social do qual parte “Design For Society”. De algum modo, “Design For Society”, procura analisar do ponto de vista ideológico aquilo que, de uma forma mais analítica, é analisado no excepcional Design After Modernism editado por John Thackara: a falência do projecto moderno e a necessária construção de um novo modelo axiológico e epistemológico em design.

Organizado em cinco capítulos – “Consumer-led design”; “Green Design”; “Responsible Design and Ethical Consuming”; “Feminist Perspectives” e “The Way Forward?” – esta obra de Nigel Whiteley possibilita um confronto lúcido e pertinente com as grandes questões associadas ao Design Social.

Segundo as palavras de Whitley, “Design For Society reflects the current debate about quality of life. Inevitably, when one is addressing such an issue, one is engaging in a debate about values, and it is not only healthy but crucial that values are discussed explicity rather than implicity. This has not happened nearly enough in the design profession or design press. Values must be translated into standards and criteria, and inevitably lead back to the fundamental question ‘What is good design?’”.

1 comment:

dora said...

o gerundio na biblioteca a nascer citação de Matej Kren ( guardava-a assim, presente e futuro )

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REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com