ÉTICA COOL
Consegui, neste início de semana, ler duas recentes publicações nas quais colaborei: o segundo número da Pangrama e o catálogo do projecto Close-Up coordenado por Márcia Novais. As duas publicações partilham vários pontos em comum: são publicações independentes; são publicações independentes que procuram reflectir sobre a edição independente em Portugal; são publicações independentes que procuram catalisar a edição independente em Portugal; são publicações que resultam do empenho de pequenas equipas de jovens estudantes ou recém-licenciados da FBAUP; são duas publicações “cool” e, como exalta João Alves Marrucho no seu “Testemunho” (pp. 61-63 do Close-Up): “a gente cool é a única que é preciosa.”.
McLuahn fez da palavra “cool” um conceito que permite identificar e pensar processos de comunicação (de mediação) dinâmicos, interactivos, abertos e participativos. Há, nestes dois projectos, uma intenção e um sentido “cool” que caracteriza algum do trabalho de uma nova geração de designers (já aqui falámos disso).
O catálogo Close-Up é um agradável objecto gráfico (bem paginado, bem impresso, com bom papel) desenvolvido por Catarina Graça, Márcia Novais, Rita Brito e Rita Ferreira. Para além da apresentação dos projectos selccionados para a exposição, inclui um conjunto de ensaios da autoria de Maria José Goulão, Susana Lourenço Marques, Chris Drapper, Heitor Alvelos, João Alves Marrucho, Anselmo Canha e Miguel Carvalhais. Eu contribui com um ensaio intitulado “Teoria: Modo de Usar” onde faço a introdução à questão da “usabilidade” da teoria do design.
O “segundo número zero” (sic) da Pangrama, projecto da editora Gume, vive do dialogo entre a força dos textos e a força das ilustrações. Na capa não nos surge nenhuma informação verbal, são as ilustrações de José Cardoso que nos convidam a entrar. Lá dentro, um editorial lança o tema: Ética no design. A lista de colaboradores e a qualidade dos textos é muito boa (Heitor Alvelos, Lucas Serra, Joana Baptista Costa&Mariana Leão, Jonas de Andrade e Rita Andrade). O meu texto chama-se “O bom, o mau e o vilão” e surge acompanhado de uma óptima ilustração de Júlio Dolbeth.
Entre os textos que valem mesmo a pena ler, encontramos a seguinte passagem do artigo de Joana&Mariana: “Ética, depois da Universidade passa a ser uma palavra mais pesada, por vezes balofa”. A solução talvez esteja em pesar (ou pensar) menos a palavra e pesar (ou pensar) mais a acção. A solução talvez esteja em ser (agir) “cool”, ou não fossem estes dois projectos bons exemplos para o que pode ser uma ética cool.
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