Saturday, August 18, 2007

TONY WILSON



A acção desenvolvida pelos movimentos de contra-cultura europeus durante os anos de 1970 geraram uma nova “indústria do design” que no início década de 80, nomeadamente no Reino-Unido, está definitivamente implantada e cuja importância para a história contemporânea do design gráfico é decisiva.

A “indústria cultural” britânica dos anos 80, em particular a indústria discográfica, apresenta-se como um espaço que assumindo transições – não funcionando como movimento de ruptura, como o foi o punk na década anterior, não era também um espaço de total integração, explorando nichos quer culturais quer comerciais ditos “alternativos” – decorrentes do inevitável “underground goes mainstream” que marca a viragem dos anos 70 para os anos 80, tem a possibilidade de explorar e reinventar uma franja importante do mercado cultural.

Podemos falar na “criação de uma nova linguagem” entre o final década de 70 e o final década de 80 com uma indiscutível capacidade de gerar novas formas comportamentais e que é indissociável da indústria discográfica que marca o período pós-punk britânico.

É incontestável que sem a existência da 4AD, da MUTE, e da ROUGH TRADE, em Londres, da SOME BIZARRE em Nottingham e da FACTORY RECORDS em Manchester, não apenas o design gráfico mas a cultura contemporânea ocidental seria diferente. Por outras palavras, a história do design gráfico ocidental seria outra se nela não se reflectisse a influência de pessoas como Ivo Watts-Russell ou Tony Wilson.



Tony Wilson, fundador da Factory Records e do clube Haçienda, morreu na Sexta-feira da semana passada, dia 10 de Agosto. Quando dele se fala a palavra “fundador” é recorrente. “Fundador” da Factory e do clube Haçienda; “fundador” da Madchaster e de um “mercado” – com o qual Wilson pouco lucrou - capaz de vender um estilo de vida que se materializa na música, no design gráfico, no ambiente das salas de concerto.

Em termos musicais, muito de decisivo nos últimos trinta anos passou por Tony Wilson seja através da Factory ou do Haçienda: do pós-punk dos Joy Division e A Certain Radio às primeiras experiências de indie rock dançável com os New Order e os Happy Mondays; da base da música independente com os Smiths à sua evolução com os Stone Roses, da introdução da cultura DJ ao desenvolvimento do Acid-House.

Em termos de design gráfico, o trabalho de Peter Saville está absolutamente ligado à Factory tal como o trabalho de Vaughan Oliver está absolutamente ligado à 4AD e é fácil constatar que os designers e estúdios de design britânicos – dos Central Station Design aos 8VO, dos v23 aos Designers Republic - encontraram na indústria discográfica o espaço ideal para desenvolverem o seu trabalho. Leia-se, a este respeito, o texto de Adrian Shaughnessy sobre Wilson publicado no Design Observer.

Como documentário, deixamos a seguinte conversa entre Peter Saville, Ben Kelly (o designer do The Haçienda), Peter Hook dos New Order e a jornalista Miranda Sawyer.









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REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com