Sunday, September 07, 2008




DORINDO CARVALHO


Nascido em Lisboa em 1937, Dorindo Carvalho estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio antes de ser mobilizado para Angola no início dos anos 60. As primeiras exposições e os primeiros prémios surgem durante a activa estada, entre 1961 e 1963, em Luanda durante a qual fez fotografia, pintura, desenho e figuração para o Teatro Experimental de Luanda. Quando em 1964 ganha a Bolsa de Estudo da Fundação Calouste Gulbenkian a expressividade neo-realista de Dorindo e as suas preocupações sociais e políticas estavam já bem definidas.



A partir do final dos anos 60 torna-se mais prolifera a sua produção gráfica e a sua intensa actividade de designer reparte-se entre a produção editorial (nomeadamente para a Europa-América, a Prelo Editores, os Livros do Brasil e a Assírio & Alvim), a criação de identidades gráficas, a ilustração e o ensino.



Dorindo Carvalho faz parte de uma extraordinária geração de designers gráficos portugueses cujo talento se torna particularmente evidente, porque livremente expresso, a partir de Abril de 1974. Sucedendo a uma geração que fez a transição entre o design da SNI (Bernardo Marques, Paulo Ferreira, Manuel Lapa) e o novo design português, ou seja sucedendo à geração de Sebastião Rodrigues, Victor Palla e Lima de Freitas, Dorindo Carvalho é um dos maiores expoentes deste novo design português. Não sendo um cartazista de excepção como Aurelindo José Ceia, João Machado ou Carlos Gentil-Homem, não sendo um ilustrador politico como João Abel Manta, Dorindo é seguramente um dos mais notáveis designers editoriais da sua geração (que é também a desse outro extraordinário criador de capas de livros que foi João da Câmara Leme) e creio que não há, no design português dos anos 70, melhores logótipos do que aqueles que Dorindo Carvalho criou.





Em algumas das inúmeras e belíssimas capas de livros desenhadas por Dorindo destaca-se o uso rigoroso de uma grelha de composição criada para reforçar a identidade gráfica da Editora, são disso claros exemplos as capas da Assírio & Alvim e dos livros de bolso da Europa-América. Aí há uma grelha geométrica, moderna, com os títulos em caixa baixa e a bold dentro de uma ordem de composição que integra sempre o desenho (de um realismo poético os das Assírio & Alvim; de um realismo expressionista dos da Europa-América) constituindo o plano superior de composição e num plano inferior a presença forte do logo. Os desenhos de Dorindo são, como a eles se referiu Urbano Tavares Rodrigues, “espessos” por vezes “granulosos” o que dá aos seus trabalhos uma dimensão táctil muitíssimo expressiva. Esta expressividade é, alias, reforçada pelo uso sempre intenso da cor.




Antes de partir para a Venezuela no início dos anos 80, Dorindo Carvalho exerceu ainda funções de planificador gráfico na RTP e grande parte da imagem televisiva desse período tem a sua marca. Na Venezuela, onde esteve até 1992, continuou a sua actividade como pintor, designer gráfico e professor, tendo ainda exercído um papel preponderante na divulgação da cultura portuguesa sendo membro fundador e director do Instituto Português de Cultura em Caracas.

Nos últimos anos tem colaborado activamente com as Edições do Instituto Piaget.

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REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com