Sunday, November 23, 2008
PRISUNIC (1968-1977)*
Inaugurados no início da década de 1930, os armazéns Prisunic iniciaram a sua segunda vida nas vésperas do Maio de 1968, apresentando em doses generosas – do mobiliário à comunicação gráfica – muitos dos ingredientes que associamos aos anos 60: pop art, radicalismo, psicadelismo, plásticos, imaginário sci-fi e uma equipa de colaboradores notavelmente criativos, com Jacques Lavaux à cabeça.
O primeiro catálogo, surgido em Abril de 1968 foi dirigido por Francis Bruguière, Michel Cultru e Yves Cambier (que em 1973 ficariam à frente da Habitat francesa) e contava com propostas de mobiliário arrojado, de influência Pop, abusando dos plásticos coloridos, desenhadas por jovens designers como Gae Aulenti, Marc Held, Olivier Mourgue ou Jean-Pierre Garrauld sob o mote: estilo + qualidade + preço.
O sucesso da Prisunic foi imediato. Em 1970 a empresa tinha 348 lojas espalhadas por França mais 48 lojas em várias cidades europeias e do norte de África e, nesse mesmo ano, quando Jean Baudrillard n’ A Sociedade do Consumo tem de pensar num modelo contemporâneo de grande armazém refere imediatamente a Prisunic.
O catálogo viria a ser extinto em 1977 mas, em menos de 10 anos de existência, exerceria uma influência determinante ao nível da renovação do design de mobiliário, impondo uma nova concepção de ambiente doméstico, associando estilo e possibilidade de personalização, produtos baratos mas de aparência sofisticada, impondo um modelo rapidamente explorado pela Habitat no Reino Unido (a partir do catálogo de 1973) e pelo Ikea na Suécia (desde o catálogo de 1981).
A mesma influência terá o designer gráfico Jacques Lavaux responsável pelos catálogos da Prisunic. Até aí nunca se haviam feito catálogos de artigos de mobiliário como aqueles. O que se destaca na forma como Lavaux coreografa as camas, mesas ou cadeiras é a forma de as integrar num ambiente humano, vivenciado, por vezes performado, criando um interior que parece estar na fronteira entre a casa ideal – associando conforto, liberdade, felicidade – e a casa surreal – quase onírica. Muito do sucesso da Prisunic se deve a essas narrativas gráficas de Lavaux onde se comunica um mundo que apenas existia naqueles catálogos e que, no entanto, em parte coincidia com o mundo sonhado por aqueles que nesses anos faziam o Maio de 68.
*A primeira loja, criada pelo grupo Printemps, abriu em Dezembro de 1931 na rue Caumartin em Paris e, entre mudanças e fusões, a Prisunic durou até 2002 já sob a alçada na Monoprix. As datas 1968/77 reportam-se à publicação do Catálogo Prisunic dirigido por Jacques Lavaux.
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