Friday, September 18, 2009

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O QUE É URGENTE MOSTRAR

Há uma exposição de cartazes na EXD09. Não é, certamente, uma exposição com o glamour e o espírito trendy de outras exposições da Bienal. É uma exposição (de dimensão pequena, de orçamento pequeno) de cartazes portugueses dos anos 70 e contemporâneos. Mas sendo uma pequena exposição oferece-nos a possibilidade rara de vermos cartazes portugueses desenhados por Fernando Calhau, Brandão, Carlos Gentilhomem (um dos nossos maiores, e infelizmente esquecido, dos anos 70) escolhidos por designers gráficos em actividade que na exposição apresentam igualmente os seus cartazes. São eles: Aurelindo Jaime Ceia; Barbara Says; Braço de Ferro; Digo Vilar; Drop/João Faria; Martino&Jaña; Paulo T. Silva; R2 e Mário Moura que apresenta um texto-cartaz.

No total são 24 cartazes, emoldurados (mais por constrangimento do que por opcção curatorial), ocupando o espaço de duas salas no Lounging Space da Experimentadesign.

O texto que se segue corresponde ao texto curatorial que o visitante pode encontrar na folha de sala da exposição. As imagens documentam "episódios" do processo de montagem e fotografias da inauguração.



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“A Crítica é uma opção ou uma necessidade? Em Portugal uma necessidade!”
Almeida Garrett citado por Ernesto de Sousa

Do espólio de Ernesto de Sousa, faz parte uma colecção de mais de 600 cartazes que documentam um período determinante da criação artística contemporânea e dos processos de transformação social e política que, entre as décadas de 1960 e 1980, se dão em Portugal e no mundo. Não se trata, no entanto, de uma simples reunião de cartazes – sobre política, arte, teatro ou turismo – produzidos num certo período histórico, mas antes uma preservação, vasta mas crítica, de uma determinada memória colectiva levada a cabo pelo espírito inquieto, inovador e transgressor que caracterizava o artista plástico, cineasta, ensaísta, comissário de exposições, crítico e professor Ernesto de Sousa.



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O Que é Urgente Mostrar é uma exposição de cartazes que envolve nove designers portugueses a quem foi lançado o desafio de expressarem a sua mensagem urgente através da escolha de um cartaz do Espólio Ernesto de Sousa ao qual deverão associar um cartaz de sua autoria. Através de um processo de diálogo, identificação ou confronto entre duas contemporaneidades é o próprio estatuto do cartaz, a sua função e lugar na actualidade, que é questionado, mediante a reflexão sobre as grafias e as mensagens, continuidades e rupturas, promovidas por designers de diferentes gerações.



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Os cartazes exibidos permitem uma aproximação a dois contextos culturais – o de Ernesto de Sousa e o dos 9 designers actualmente em actividade – cujas afinidades e diferenças podem ser, a partir daqui, perspectivadas, lançando pistas (serão sempre, apenas, pistas) para uma reflexão sobre processos, linguagens e posicionamentos que relevam da actividade produtiva de um designer. Igualmente, pistas, que poderão devir percursos, serão lançadas sobre um conjunto de momentos, movimentos e eventos – do Novo Realismo ao Fluxus – determinantes para a compreensão das propostas de uma arte comprometida com a vida, lançadas a partir dos anos 50, e nas quais reside uma tradição que, em nome da lucidez crítica, merece ser redescoberta, na contemporaneidade, como aventura.



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Se Ernesto de Sousa se dedicou activamente a perseguir o “desejo de fazer explodir o triângulo internacional da arte: estúdio-galeria-museu” (para usar a expressão de Harald Szeeman um dos fundadores, à semelhança de Ernesto de Sousa, da curadoria independente contemporânea), trazer uma conjunto de cartazes para uma sala fechada, emoldurando-os e atribuindo-lhes uma aura de peça museológica que originalmente não tinham, talvez encerre algo de contraditório.



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Mas por outro lado, porque a riqueza de um cartaz não é material antes comunicacional e relacional, parece-nos que a forma mais autêntica de vivenciar aqueles cartazes, de permitir que eles libertem, no tempo presente, a sua força vital, passa por nos relacionarmos naturalmente com eles, por não definir a priori as condições da sua comunicação ou significação, acreditando que o sentido e mensagem que eles contêm dar-se-á a conhecer, num jogo aberto, entre o espectador e a obra.



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Ao espectador é, enfim, atribuído o papel determinante de, perante os cartazes expostos, aprender a ver e nesse processo construir um olhar que os experimenta e, assim, os torna actuantes e actuais. Oxalá consigamos, perante eles, ver como se fosse a primeira vez, como “os primeiros passos de uma criança são experimentais e por isso começam algo absolutamente novo”.



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O QUE É URGENTE MOSTRAR: COMISSÁRIO_ JOSÉ BÁRTOLO // PRODUÇÃO_ ISABEL ALVES / JOSÉ BÁRTOLO / MARCO REIXA / PAULO T SILVA // DESIGN DE EXPOSIÇÃO_ ANA MEDEIROS / JOSÉ BÁRTOLO // DESIGN GRÁFICO_ MARCO REIXA // MOLDURAS_ SUPERFÍCIE PICTÓRICA // PARTICIPANTES_ AURELINDO JAIME CEIA / BARBARA SAYS... / BRAÇO DE FERRO / DIOGO VILAR / DROP / MÁRIO MOURA / MARTINO&JAÑA / PAULO T SILVA / R2 // IMPRESSÃO_ GIGARESMA / GRIFOS / MARCA / MINERVA / ROCHA AG / TEXTYPE / V COUTINHO // APOIO À MONTAGEM_ HUGO CANOILAS / LUÍS JARDIM // TRADUÇÃO_ ROSA VASCONCELLOS // AGRADECIMENTOS_ ANA BALIZA / ANTÓNIO PEDRO MENDES / CONSTRUÇÕES ANTÓNIO MARTINS SAMPAIO / EDUARDO SILVA / JOANA ESCOVAL / MARIANA SILVA / MÁRIO VALENTE / MARTA GALVÃO LUCAS / PEDRO SADIO / PROJECTO CHÃO / RUI FERRAZ // ©_ OS ARTISTAS // ORGANIZAÇÃO: CEMES/ESAD MATOSINHOS
BASE DE DADOS: INVENTÁRIO_ ANA BALIZA / DIANA PEREIRA / ISABEL ALVES / JOANA ESCOVAL / MARIANA SILVA / FOTOGRAFIA_ CARLOS LÉRIAS SIMÕES / FRANCISCO JANES / CARLOS GENTIL // PROGRAMAÇÃO E DESIGN_ MARCO REIXA // APOIO LOGÍSTICO_ ANTÓNIO CERVEIRA PINTO / ELSA VIEIRA / MUSEU COLECÇÃO BERARDO // AGRADECIMENTOS_ ALEXANDRA ENCARNAÇÃO / ISABEL CORTE-REAL / CÂNDIDA DO ROSÁRIO / PAULO T. SILVA / MARTA TRAQUINO / JOÃO PINHEIRO / MANUEL JUSTO / JOÃO RAFAEL DIONÍSIO / EDMUND COOK //

1 comment:

Ressabiator said...

pelas fotos, ficou com muito bom aspecto. vou ver se consigo ir vê-la em pessoa na semana que vem.

Parabéns!

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REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com