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Tuesday, November 24, 2009









MOUNT/EVANS STUDIO (1943/1981)


Reginald Mount (1906-1979), designer gráfico britânico, trabalhou para diversas agencias durante os anos 1930. Os seus trabalhos para a Greenly ou Lintas deram-lhe fama de designer capaz de fazer bem, depressa e com poucos meios.


Quando, no início da segunda guerra mundial foi convidado a integrar a equipa de designers do Ministério da Informação Britânico possuía já uma larga experiência ao nível de impressão e havia apurado a sua linguagem formal suportada por um uso, quase dramático, da ilustração.





No MOI, Mount conheceu Eilleen Evans com quem viria a trabalhar na produção de cartazes e folhetos informativos para campanhas de segurança no trabalho, saúde e prevenção rodoviária, bem como diversos matérias de propaganda. Eileen Evans entrara para o MOI no final da década de 1930 para integrar a divisão de fotografia mas as suas qualidades, bem evidenciadas nas composições, explorando habilmente a foto-montagem, que criara deram-lhe rapidamente um maior protagonismo.







Com o final da II Guerra, Reginald e Eilleen criaram o Mount/Evans Studio que se manteve em actividade até 1981 tendo o estado britânico como um dos principais clientes. Pese embora, alguns trabalhos serem conhecidos (em particular o cartaz Don’t Brag About Your Job publicado em 1960) as histórias do design raramente os mencionam, fazendo parte de uma longa lista de designers (como Manfred Reiss, Leonard Cusden ou Tom Eckersley) que contribuíram determinantemente para a educação e a mudança social de um período e em relação aos quais o protagonismo das mensagens ultrapassou em larga medida o protagonismo de quem as criou.

Saturday, October 17, 2009






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ALOISIO MAGALHÃES (1927-1982)


A excelente galeria de imagens que podemos consultar no Flickr dão-nos uma ideia da dimensão e qualidade da obra de Aloísio Magalhães, pioneiro e um dos mais notáveis designers da história do design brasileiro.

Citando Cintia de Sá, que a Magalhães dedica um interessante artigo , se o princípio básico do design é levar a criação artística para o quotidiano social, no Brasil o maior exemplo de como um profissional pode atingir esse objectivo encontra-se no trabalho desenvolvido por Aloísio Magalhães.

Nascido no Recife em 1927, ano conturbado marcado pela aprovação da Lei Celerada, Aloisio Magalhães estudou Direito, disciplina que viria a exercer, conciliando desde cedo a actividade jurídica , a militância política com a prática das artes gráficas.


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Na década de 1950, cria a oficina O Gráfico Amador, que terá grande importância na produção artística e cultural do Recife, e onde serão produzidos alguns dos seus primeiros trabalhos, entre os quais a capa do livro Ode da autoria do importante dramaturgo, amigo de Aloísio Magalhães, Ariano Suassuna.

Mais importantes serão os trabalhos seguintes, nomeadamente os trabalhos editoriais, marcados por uma grande experimentação de meios e processos de impressão, feitos em colaboração com Eugene Feldman, em particular o belíssimo Doorway to Portuguese, hoje uma raridade, pelo qual recebeu três medalhas de ouro do Art’s Director Club.


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Em meados dos anos 50 o reconhecimento internacional de Aloiso Magalhães era já assinalável. Trabalhara em Paris com gravador inglês Stanley Hayter do Atelier 17, realizara uma exposição individual em Nova York, na sequencia da qual o MoMA adquirira um trabalho seu, mantendo sempre uma ligação activa ao Brasil, onde regressa em 1958 para leccionar na Escola de Belas Artes de Pernambuco mudando-se, dois anos depois, para o Rio de Janeiro.

É a parti desta altura que surgem os trabalhos mais conhecidos de Aloísio Magalhães, em grande parte encomendas institucionais, desenvolvidas pelo estúdio AMPVDI (Aloísio Magalhães Programação Visual Desenho Industrial)para a Petrobras, Banco Central, Itaipu, entre inúmeras outras empresas e instituições.


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Sobre a obra de Aloísio Magalhães foi publicado em 2005 o livro A Herança do Olhar. O Design de Aloísio Magalhães, organizado por João de Souza Leite, uma excelente obra que permite a preservação da memória sobre uma obra gráfica notável e que, inevitavelmente, nos leva a questionar para quando em Portugal obras semelhantes sobre os nossos pioneiros: Kradolfer, Botelho, Paulo Ferreira, Bernardo Marques, Manuel Lapa, Manuel Rodrigues e tantos outros.


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Aloísio Magalhães faleceu em 1982 , mas a data a celebrar é o dia 5 de Novembro, data do seu nascimento e actualmente, em sua homenagem, Dia Nacional da Cultura e Dia Nacional do Design no Brasil.

Thursday, August 27, 2009




KANCHEV, STEFAN (1915-2001)


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Stefan Kanchev nasceu em Agosto de 1915 em Kalofer na Bulgária. Filho de um pintor de ícones, cresceu num ambiente cultural e artístico que o encaminhou, com naturalidade, para o estudo da pintura, tendo frequentado a Academia Nacional de Arte, em Sófia, entre 1940-45, onde teve como professor Dechko Uzunov um dos mais influentes pintores búlgaros do Século XX.


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Em meados nos anos 40 iniciou a sua carreira de designer gráfico. Na sua obra longa e vasta encontramos trabalhos gráficos explorando os mais diversos registos e suportes: cartaz, desenho de capas de livros, desenho de selos, de embalagens, publicidade e trabalhos de identidade gráfica.


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Pese embora a diversidade da sua obra, é como autor de logótipos que ficou particularmente conhecido, desenvolvendo uma linguagem moderna e universal sendo, por vezes, comparado a Paul Rand de quem foi contemporâneo (Rand nasceu em 1914, Kanchev em 1915).


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Amplamente reconhecido na Polónia e países vizinhos, um maior reconhecimento internacional surgirá a partir em 1967 ano em que apresentou 23 logomarcas na exposição organizada pela AIGA.
Kanchev morreu em 2001, aos 85 anos.

Tuesday, April 07, 2009



ROGÉRIO DUARTE (1939/)

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Rogério Duarte nasceu em Itabira, estado da Bahia, em 1939, tendo-se mudado para o Rio de Janeiro no início da década de 1960.

Não sendo formado em design, tal como explica em diversas entrevistas, aos vinte anos a qualidade do seu trabalho era já suficientemente reconhecida – integrando na altura um círculo de intelectuais baianos onde se incluíam Glauber Rocha, Calasans Neto e Fernando da Rocha Peres - para que, com uma Bolsa de Estudos, viesse estudar para o Rio na Escola de Belas-Artes, na Escolinha de Artes do Brasil e no Museu de Arte Moderna onde foi aluno de Otl Aicher, Tomas Maldonado e Alexandre Wollner.

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Em 1961 integra, como estagiário, o estúdio de Aloísio Magalhães, extraordinário designer pernambucano, um dos mais influentes designers brasileiros do século XX e um dos fundadores da ESDI.

Os famosos cartazes de Rogério Duarte começam a surgir por essa altura, cartazes para acções políticas, concertos e filmes, com destaque para o icónico cartaz do filme Deus e o diabo na terra do sol (1964) realizado pelo amigo Glauber Rocha.

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A partir de 1965 torna-se amigo de Caetano Veloso e passa a contribuir determinantemente para a definição da Tropicália. Nesse mesmo ano publica na Revista Civilização Brasileira o artigo “Notas sobre o desenho industrial” no qual discute questões como a diferença entre arte e design, critica a influência ulmiana no design brasileiro e mostra-se apreensivo com o destino da ESDI.

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Em Abril de 1968, na saída da missa pela morte do estudante Edson Luís, Rogério Duarte é preso e torturado pela polícia militar. Embora o seu estado de saúde tenha saído abalado, continua a desenvolver activamente o seu trabalho de designer durante as décadas de 1970 e 1980, estando ligado a inúmeros projectos editoriais: revistas Navilouca e Desígnio e diversas capas de livros. A sua criação fulgurante e multifacetada – músico, poeta, videasta, designer – fez com que ficasse conhecido por Rogério Caos e se, indiscutivelmente, dali emerge uma ordem – ou pelo menos um sentido – esta imagem caracteriza bem a arte de Rogério Duarte: um imenso, criativo e fulgurante caos.

Wednesday, February 18, 2009




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ALMIR MAVIGNIER

Almir Mavignier nasceu no Rio de Janeiro em 1925. Iniciou a sua formação artística no início da década de 1940 com Arpad Szenes, Axl Leskoschek e Henrique Boese. Em 1946 funda o, assim designado, Ateliê de Pintura e Modelagem da Secção Terapêutica do Hospital do Engenho de Dentro.

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Por influência da Tese “A influência da teoria da Gestalt sobre a obra de Arte” da autoria de Mário Pedrosa, inicia estudos na área da abstracção. Uma Bolsa de Estudos leva-o no início da década de 50 para Paris e, logo de seguida, em 1953, para a Alemanha onde integra a primeira turma da Hochschule für Gestaltung Ulm, onde estudou comunicação visual com Max Bill. Integra, entre 1958 e 1964, o Grupo Zero com Heinz Mack, Otto Pienne, Yves Klein e Jean Tinguely e organiza a primeira mostra internacional de Op Art, na antiga Jugoslávia, em 1960.

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Particularmente notáveis são os seus cartazes dos anos 60, 70 e 80, aproximando a geometria abstracta de uma interpretação autónoma da linguagem formal da Escola Suiça. Mavignier vive e trabalha na Alemanha.

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Sunday, November 23, 2008

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PRISUNIC (1968-1977)*

Inaugurados no início da década de 1930, os armazéns Prisunic iniciaram a sua segunda vida nas vésperas do Maio de 1968, apresentando em doses generosas – do mobiliário à comunicação gráfica – muitos dos ingredientes que associamos aos anos 60: pop art, radicalismo, psicadelismo, plásticos, imaginário sci-fi e uma equipa de colaboradores notavelmente criativos, com Jacques Lavaux à cabeça.

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O primeiro catálogo, surgido em Abril de 1968 foi dirigido por Francis Bruguière, Michel Cultru e Yves Cambier (que em 1973 ficariam à frente da Habitat francesa) e contava com propostas de mobiliário arrojado, de influência Pop, abusando dos plásticos coloridos, desenhadas por jovens designers como Gae Aulenti, Marc Held, Olivier Mourgue ou Jean-Pierre Garrauld sob o mote: estilo + qualidade + preço.

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O sucesso da Prisunic foi imediato. Em 1970 a empresa tinha 348 lojas espalhadas por França mais 48 lojas em várias cidades europeias e do norte de África e, nesse mesmo ano, quando Jean Baudrillard n’ A Sociedade do Consumo tem de pensar num modelo contemporâneo de grande armazém refere imediatamente a Prisunic.

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O catálogo viria a ser extinto em 1977 mas, em menos de 10 anos de existência, exerceria uma influência determinante ao nível da renovação do design de mobiliário, impondo uma nova concepção de ambiente doméstico, associando estilo e possibilidade de personalização, produtos baratos mas de aparência sofisticada, impondo um modelo rapidamente explorado pela Habitat no Reino Unido (a partir do catálogo de 1973) e pelo Ikea na Suécia (desde o catálogo de 1981).

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A mesma influência terá o designer gráfico Jacques Lavaux responsável pelos catálogos da Prisunic. Até aí nunca se haviam feito catálogos de artigos de mobiliário como aqueles. O que se destaca na forma como Lavaux coreografa as camas, mesas ou cadeiras é a forma de as integrar num ambiente humano, vivenciado, por vezes performado, criando um interior que parece estar na fronteira entre a casa ideal – associando conforto, liberdade, felicidade – e a casa surreal – quase onírica. Muito do sucesso da Prisunic se deve a essas narrativas gráficas de Lavaux onde se comunica um mundo que apenas existia naqueles catálogos e que, no entanto, em parte coincidia com o mundo sonhado por aqueles que nesses anos faziam o Maio de 68.

*A primeira loja, criada pelo grupo Printemps, abriu em Dezembro de 1931 na rue Caumartin em Paris e, entre mudanças e fusões, a Prisunic durou até 2002 já sob a alçada na Monoprix. As datas 1968/77 reportam-se à publicação do Catálogo Prisunic dirigido por Jacques Lavaux.

Sunday, September 07, 2008




DORINDO CARVALHO


Nascido em Lisboa em 1937, Dorindo Carvalho estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio antes de ser mobilizado para Angola no início dos anos 60. As primeiras exposições e os primeiros prémios surgem durante a activa estada, entre 1961 e 1963, em Luanda durante a qual fez fotografia, pintura, desenho e figuração para o Teatro Experimental de Luanda. Quando em 1964 ganha a Bolsa de Estudo da Fundação Calouste Gulbenkian a expressividade neo-realista de Dorindo e as suas preocupações sociais e políticas estavam já bem definidas.



A partir do final dos anos 60 torna-se mais prolifera a sua produção gráfica e a sua intensa actividade de designer reparte-se entre a produção editorial (nomeadamente para a Europa-América, a Prelo Editores, os Livros do Brasil e a Assírio & Alvim), a criação de identidades gráficas, a ilustração e o ensino.



Dorindo Carvalho faz parte de uma extraordinária geração de designers gráficos portugueses cujo talento se torna particularmente evidente, porque livremente expresso, a partir de Abril de 1974. Sucedendo a uma geração que fez a transição entre o design da SNI (Bernardo Marques, Paulo Ferreira, Manuel Lapa) e o novo design português, ou seja sucedendo à geração de Sebastião Rodrigues, Victor Palla e Lima de Freitas, Dorindo Carvalho é um dos maiores expoentes deste novo design português. Não sendo um cartazista de excepção como Aurelindo José Ceia, João Machado ou Carlos Gentil-Homem, não sendo um ilustrador politico como João Abel Manta, Dorindo é seguramente um dos mais notáveis designers editoriais da sua geração (que é também a desse outro extraordinário criador de capas de livros que foi João da Câmara Leme) e creio que não há, no design português dos anos 70, melhores logótipos do que aqueles que Dorindo Carvalho criou.





Em algumas das inúmeras e belíssimas capas de livros desenhadas por Dorindo destaca-se o uso rigoroso de uma grelha de composição criada para reforçar a identidade gráfica da Editora, são disso claros exemplos as capas da Assírio & Alvim e dos livros de bolso da Europa-América. Aí há uma grelha geométrica, moderna, com os títulos em caixa baixa e a bold dentro de uma ordem de composição que integra sempre o desenho (de um realismo poético os das Assírio & Alvim; de um realismo expressionista dos da Europa-América) constituindo o plano superior de composição e num plano inferior a presença forte do logo. Os desenhos de Dorindo são, como a eles se referiu Urbano Tavares Rodrigues, “espessos” por vezes “granulosos” o que dá aos seus trabalhos uma dimensão táctil muitíssimo expressiva. Esta expressividade é, alias, reforçada pelo uso sempre intenso da cor.




Antes de partir para a Venezuela no início dos anos 80, Dorindo Carvalho exerceu ainda funções de planificador gráfico na RTP e grande parte da imagem televisiva desse período tem a sua marca. Na Venezuela, onde esteve até 1992, continuou a sua actividade como pintor, designer gráfico e professor, tendo ainda exercído um papel preponderante na divulgação da cultura portuguesa sendo membro fundador e director do Instituto Português de Cultura em Caracas.

Nos últimos anos tem colaborado activamente com as Edições do Instituto Piaget.

Sunday, July 20, 2008




CÂNDIDO COSTA PINTO (1911-1977)

Entre o início dos anos 20 e o início dos anos 70, Cândido Costa Pinto desenvolveu uma obra imensa explorando, com notável virtuosismo, diferentes suportes, meios e linguagens da pintura à publicidade, da caricatura à arte mural.

Nestas linhas interessa-nos recordá-lo como um dos mais importantes designers gráficos portugueses entre as décadas de 30 e 50. Nascido na Figueira da Foz, publicou a sua primeira caricatura num jornal regional, em 1923, com doze anos de idade. A tuberculose que o atacou aos dezoito anos obrigou-o a viver, durante mais de dez anos, entre sanatórios, tendo sido salvo, nas suas palavras, pela “magia da arte”, curado ao que consta pelos benefícios de um colete de zinco e cobre, revestido de símbolos gráficos de todas as religiões do mundo, adquirido a um refugiado polaco.



Entre 1941-1949 trabalhou para a Companhia Portuguesa de Higiene como designer gráfico, publicitário e director dos serviços de tipografia da companhia, destacando-se pela utilização frequente de suportes pobres (platex, contraplacado, cartão) na produção das suas obras.

Em 1949 começa a colaborar com os CTT (ligação que durará até 1972) renovando a linguagem gráfica da arte postal portuguesa e educando uma nova geração de artístas (Abel Manta, José Pedro Roque Martins Barata, Sebastião Rodrigues) que se lhe seguirão. De igual modo, a Costa Pinto se deve uma importante acção da evolução gráfica ao nível editorial (magníficas as capas dos livros das colecções Vampiro e Argonauta) e do cartaz, sendo a par de Victor Palla e Fred Kradolfer um dos maiores impulsionadores da renovação gráfica portuguesa dos anos 40 e 50.



Investigador e teórico, alguns dos seus textos são exemplos excelentes de uma consistente reflexão crítica sobre a função da arte, do design e da comunicação (leia-se o actual “Sabe anunciar bem?” Diário Popular, 2 de Setembro de 1945 ou o fundamental “Surrealismo, arte e política” escrito no Brasil em 1969). Lúcido e empenhado politicamente, no catálogo da exposição de 1951 no SNI escrevia que “se o pintor tem fundamentalmente dever de pintar bem, acompanhar de perto os problemas gerais da sua geração é também da sua obrigação.”

Esquecido durante a década de 1980, a Fundação Calouste Gulbenkian dedicou-lhe uma importante exposição retrospectiva em 1995. Porém, nos últimos dez anos, Costa Pinto, “um homem complicado” (como a si próprio se retratou) e um artista gráfico notável voltou a cair num desconhecimento tão incompreensível quanto injusto.

Friday, January 25, 2008



CHARLES WILP (1932-2005)

Nascido em Berlim em 1932 e falecido em Dusseldorf em 2005, a versatilidade criativa de Charles Paul Wilp foi, sobretudo, marcante durante as décadas de 1960 e 1970, sendo hoje uma figura estranhamente pouco conhecida tendo em conta o impacto que a sua obra singular teve nesse período.



Com uma formação vasta e eclética - na Universidade de Aachen, fez estudos em sinestesia, jornalismo, artes plásticas, jornalismo e psicologia, tendo sido, ainda, aluno de Man Ray em Nova York – Charles Wilp moveu-se por diversas áreas, deixando em mais do que uma a marca de um universo criativo que, podendo integrar características do Fluxus ou da Pop Art, se diferencia na sua singularidade.



Investigador aeronáutico – Yves Klein referia-se a Wilp como “O príncipe das estrelas” – músico, fotógrafo -sendo famosos os seus retratos dos anos 60/70 de figuras como Marianne Faithfull, Donna Summer ou Marsha Hunt – conselheiro - muito próximo de Willy Brandt – e activista político, cineasta, designer gráfico e publicitário, Charles Wilp manteve relações próximas e marcadas por uma influência mutual com Andy Wharol, Yves Klein, Mel Ramos, Otto Piene ou Joseph Beuys.



O seu protagonismo atinge o auge com a criação da delirante campanha para aAfri-Cola em 1968, tendo imposto aquele que é um dos mais “loucos” slogans da publicidade contemporânea: “Super-sexy-mini-flower-pop-op-cola-alles ist in Afri-Cola”.

Ao vermos hoje o spot publicitário, temos dificuldade em decidir se estamos perante uma obra de arte absoluta ou o estranho resultado de uma “trip”, mas hoje como em 68, não conseguimos ficar indiferentes aquele ambiente onírico e ao slogan-comercial-statement-artístico que lhe está associado.

Convém recordar, que as campanhas para a Afri-Cola constituem juntamente com as anterioriores campanhas para a Puschkin (“Wodka fur harte Manner”) de 1963 e as campanhas seguintes para a Pirelli e Volkswagen (criando o slogan Und läuft ... und läuft ... und läuft“) uma parte central da obra de Charles Wilp e da sua exploração através das imagens em movimento de uma linguagem visual que testemunha bem o importante contexto cultural que a produziu mas, igualmente, o génio único do seu criador.

Thursday, November 29, 2007




JOÃO ABEL MANTA



João Abel Manta nasceu em Lisboa em 1928. Licenciado em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1951, desenvolveu uma intensa actividade como arquitecto, pintor, ilustrador e designer gráfico.

João Abel Manta é um dos protagonistas da segunda geração do design gráfico português (que sucede à geração de Maria Keil, Paulo Ferreira e Bernardo Marques) onde se destacam nomes como Victor Palla, Manuel Rodrigues, Fred Kradolfer (notável designer suíço “naturalizado”) e Sebastião Rodrigues.





A sua obra gráfica, que começa a ser publicada nos anos 40, revela a profunda cultura artística que João Abel foi beber ao seu pai, às viagens pela Europa, às passagens por Paris e ao confronto com o design gráfico moderno, mas ao mesmo tempo apresenta uma linguagem inovadora, politicamente empenhada, fortemente iconográfica e original.





Se, da sua obra gráfica, se conhecem particularmente as ilustrações, publicadas n’ “O Jornal” e no “Jornal de Letras”, que marcam o período do 25 de Abril (sendo, com Vespeira, o “cartoonista da revolução”) menos conhecida mas igualmente notável é a restante obra gráfica - cartazes, logótipos, capas de livros, e inúmeras composições gráficas para artes aplicadas, azulejos, tapeçaria e calçada portuguesa – que fazem de Manta uma figura destacada da cultura gráfica ibérica da segunda metade do século XX.

PERFIL

REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com