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LER ANTES DE USAR
O desenvolvimento da cultura material moderna que, na sequência da industrialização, transforma radicalmente o espaço e a experiência humanas, foi acompanhado por um idêntico desenvolvimento de “ferramentas visuais” que fazem a mediação entre nós e as coisas. O espaço humano, seja ele público ou privado, passa a implicar um “manual de instruções”, toda uma construção de interfaces que disciplinando as possibilidades de interacção, reeducam as nossas relações com o mundo, um mundo cada vez mais alvo de intervenções projectuais.
O conhecido livro de Paul Mijksenaar e Piet Westendorp, Open Here: The art of instructional design, apresenta bem a importância crescente do design de informação (e, de um modo geral, do design de interfaces) e permite-nos perceber a influência que, em particular, o “instructional design” norte-americano dos anos 50 exerce sobre o design gráfico (a nível editorial, tipográfico, publicitário…) a partir desse período.
Sobre o universo do design de instruções visuais – que de tão omnipresentes tendem a rodear-nos silenciosas, numa espécie de invisibilidade que, paradoxalmente, resulta da sua metavisibilidade, da sua “excessiva” presença - organizou Andrew Howard, em colaboração Piet Westendorp, a interessante exposição “Ler antes de usar” (Silo, Matosinhos, Julho 2006) que, embora centrada no design de instruções desenvolvido a partir dos anos 50, nos oferecia uma excelente introdução às possibilidades de construção de imagens gráficas – índices, símbolos e ícones – que funcionam como representações abstractas de acções de concretas. A concretude do mundo moderno era desta forma traduzida pela abstracção de um idioma gráfico, a complexidade do real, tendencialmente substituída pela simplicidade iconográfica de um mundo não-verbal onde tendíamos a acordar e a adormecer, no interior do qual trabalhavamos e habitávamos.
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Li recentemente o surpreendente Survival in the City e de um, pelo menos para mim, desconhecido Anthony Greenbank. Greenbank especializou-se em livros de “sobrevivência” utilizando uma linguagem visual forte e clara. Tratam-se, pois, de “manuais de instruções” que nos orientam a sobreviver na cidade e a resolver os diversos problemas com os quais nos podemos deparar.
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Em 1967, Anthony Greenbak publicou o clássico (?) “The book of survival”, tratava-se de um fabuloso manual de instruções úteis para uma visita aos suburbios do sul de Nova York. Já em 1974, surgiu a sua obra maior “Survival in the city”, uma fantástica obra iconográfica que se inscreve na melhor tradição do “instructional design”.
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3 comments:
Haha I love this, thanks a lot for sharing!
art on canvas
Really great work, loved it!
flower canvas
Ahh that's great! THanks for this.
new york canvas
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