Tuesday, October 30, 2007



Os mais recentes “posts” colocados no Ressabiator e no Desígnio vêm confirmar que a reflexão teórica sobre design se faz, de uma forma decisiva, na blogosfera. Infelizmente, confirma-se também que a discussão suscitada pelas mais pertinentes e actuais reflexões é, ainda, demasiado restrita. Não tenho dúvidas, que a leitura de “O design público” e de “Teoria e prática – outra vez” deveria ser considerada obrigatória por uma grande maioria de estudantes de design portugueses.



O problema da “neutralidade” em design, uma das questões em debate no Ressabiator, mereceu, também, uma interessante abordagem por parte de Michael Beirut e Adrian Shaughnessy no Design Observer. Beirut coloca, nestes termos, a questão: “Those graphic designers who see no role for self-expression in design. For them the graphic designer is a passive mediator of the client's message and is charged with the responsibility of communicating it with clarity and precision. Unfortunately passive often means mute and can lead to an absence of 'point of view'. Get very excited by regulating systems such as grids, identity guidelines and manuals. Love following orders. Have a positive view of limitation and are lost without it, which leads them to being dismissed (sometimes unfairly) as 'jobbing designers'. Theirs tends to be an apolitical stance which makes it easier for them to practice their discipline for all types of client irrespective of sector without too much soul-searching. Contains a large number contingent of neo-Modernists now that Modernism is merely a style. Tend to view content as something that is delivered by others and must not be questioned.”


“Communist design is a contradiction in terms: there is no such thing as communist design” é a ideia-forte de um "post" de Cris Kit Paul no seu Kit Blog.




Foi publicado do Herald Tribune um interessante artigo sobre uma designer brilhante: Muriel Cooper.



104 (Le Cent Quatre) é um novo projecto cultural francês, sediado em Paris, a inaugurar no início de 2008, assumidamente interdisciplinar, pretende cruzar os campos da performance, do design, do teatro e da música, da fotografia, do cinema e da teoria. A Identidade visual está a ser trabalhada pelos Experimental Jetset.



Um aluno perguntou-me onde gostaria eu de trabalhar se fosse um designer de comunicação recém formado. Pois bem, entre inúmeras outras possibilidades poderia responder que para sair de Portugal deixava-me guiar pela criatividade dos We Have Photoshop, para ficar por cá deixava-me seduzir pela energia dos VivóEusébio.




Sobre "fusão" e "inversão", um interessante artigo de Nancy Skolos e Tom Wendell : "Inversion is a specific category of fusion, in which type and image fuse by exchanging roles. As with fusion, the relationship that takes place in inversion is similar to a chemical reaction with two substances bonding together. When type is portrayed as part of an image, or when an image is built from type, it captures our imagination and transports us beyond the potential communicative properties of type or image alone and into an elevated sense of discovery."


A exposição do MoMA, "Women in Modernism", serviu de pretexto para uma entrevista com Barry Bergdoll, o novo chief-curator do MoMa na área da Arquitectura e Design, sobre o design no feminino.



Acaba de ser criada a e-vai: “uma plataforma virtual para a comunidade das artes plásticas e visuais”, o projecto é prometedor.



Entre 1 e 3 de Novembro irá decorrer no Palácio Pombal o 3 Encontro Internacional do IADE: DESIGN & CC: SOS! (que é como quem diz, DESIGN AND COMMERCIAL COMMUNICATIONS: SEEK OPTIMAL SYNERGIES).

Sunday, October 28, 2007



LER ANTES DE USAR


O desenvolvimento da cultura material moderna que, na sequência da industrialização, transforma radicalmente o espaço e a experiência humanas, foi acompanhado por um idêntico desenvolvimento de “ferramentas visuais” que fazem a mediação entre nós e as coisas. O espaço humano, seja ele público ou privado, passa a implicar um “manual de instruções”, toda uma construção de interfaces que disciplinando as possibilidades de interacção, reeducam as nossas relações com o mundo, um mundo cada vez mais alvo de intervenções projectuais.

O conhecido livro de Paul Mijksenaar e Piet Westendorp, Open Here: The art of instructional design, apresenta bem a importância crescente do design de informação (e, de um modo geral, do design de interfaces) e permite-nos perceber a influência que, em particular, o “instructional design” norte-americano dos anos 50 exerce sobre o design gráfico (a nível editorial, tipográfico, publicitário…) a partir desse período.

Sobre o universo do design de instruções visuais – que de tão omnipresentes tendem a rodear-nos silenciosas, numa espécie de invisibilidade que, paradoxalmente, resulta da sua metavisibilidade, da sua “excessiva” presença - organizou Andrew Howard, em colaboração Piet Westendorp, a interessante exposição “Ler antes de usar” (Silo, Matosinhos, Julho 2006) que, embora centrada no design de instruções desenvolvido a partir dos anos 50, nos oferecia uma excelente introdução às possibilidades de construção de imagens gráficas – índices, símbolos e ícones – que funcionam como representações abstractas de acções de concretas. A concretude do mundo moderno era desta forma traduzida pela abstracção de um idioma gráfico, a complexidade do real, tendencialmente substituída pela simplicidade iconográfica de um mundo não-verbal onde tendíamos a acordar e a adormecer, no interior do qual trabalhavamos e habitávamos.



Li recentemente o surpreendente Survival in the City e de um, pelo menos para mim, desconhecido Anthony Greenbank. Greenbank especializou-se em livros de “sobrevivência” utilizando uma linguagem visual forte e clara. Tratam-se, pois, de “manuais de instruções” que nos orientam a sobreviver na cidade e a resolver os diversos problemas com os quais nos podemos deparar.



Em 1967, Anthony Greenbak publicou o clássico (?) “The book of survival”, tratava-se de um fabuloso manual de instruções úteis para uma visita aos suburbios do sul de Nova York. Já em 1974, surgiu a sua obra maior “Survival in the city”, uma fantástica obra iconográfica que se inscreve na melhor tradição do “instructional design”.







Thursday, October 25, 2007




SPAM - JUNK MAIL POETRY

Teresa Lima é designer de comunicação, vive, estuda e trabalha em Londres há 3 anos. Formada em Design Visual pelo IADE prosseguiu a formação em Design de Comunicação na University of the Arts of London, actualmente trabalha no estúdio Micha Weidmann Design and Art Direction desenvolvendo projectos para a Tate Modern e recentemente para o Design Museum. O seu projecto SPAM – Junk Mail Poetry, um dos mais entusiasmantes trabalhos desenvolvidos por designers portugueses no último ano, deu o pretexto para uma conversa com o Reactor.





Reactor : Quando tomei conhecimento deste projecto, fascinou-me imediatamente a ideia deste trabalho pensar o designer como um "respigador", isto é, alguém capaz de integrar coisas - imagens, ideias, referências, bits - que uma determinada norma tende a excluir, permitindo que a reflexão sobre o valor disso que é excluído (e do que, por diferença do que é incluído) seja feita. Houve, desde o início, esta intenção de estar atenta ao detrito, à falha, ao elemento contaminado, em suma, àquela informação para a qual somos ensinados a não olhar?


Teresa Lima: Sim, precisamente! Uma das ideias centrais deste projecto tem a ver justamente com a ideia de recuperação, de reciclagem e de um olhar mais profundo sobre o quotidiano. Trata-se de recuperar algo (mensagens criadas com intuitos comerciais de honestidade duvidosa) e de o reposicionar num contexto radicalmente diferente, o da produção
artística/cultural, potenciando novos olhares sobre um mesmo “objecto”. Este novo olhar permite-nos traçar uma linha genealógica que liga estes detritos digitais a uma longa tradição artística/literária de ricas experiências em escrita permutativa e combinatória, aos poemas dadaistas de Tzara e aos 'cut-ups' de Gysin e Burroughs entre outros.
Penso que há de facto uma relação com a ideia de norma, ou cânone, que refere na pergunta, sobretudo pelas questões
que este reposicionamento pode levantar em relação à produção cultural ( Até que ponto é que a intencionalidade e o contexto da produção tem uma influencia no estatuto do que é produzido? O que é arte e o que é lixo?).
Penso que existe em tudo isto um certo romantismo, no ver valor e criatividade no indesejável ou supérfluo. Penso que essa capacidade de manter um olhar fresco e procurar o valor e a inspiração no inesperado e/ou descartado pode ser uma característica valiosa para qualquer designer.



2. O projecto Spam recupera uma técnica de composição do Burroughs, no entanto, o trabalho parece-me seguir a direcção contrária do trabalho do Burroughs. As suas obras faziam o Cut-Up do discurso e do pensamento académico tornando-o "estranho" e, à luz desse mesmo pensamento académico,"inútil", em contrapartida o trabalho da Teresa pega no que é tido por "estranho" e "inútil" e do seu Cut-Up resulta um objecto formalmente sedutor e "útil" (no sentido de integrado no contexto académico do Design). Neste sentido, o SPAM parece-me estar mais próximo das experiências de Desconstrução/Reconstrução feitas em Cranbrook...


T. L. : Penso que para responder a esta pergunta talvez seja útil clarificar alguns pontos em relação ao projecto SPAM. Através de uma caixa de e-mail criada especificamente para o efeito, um elevado numero de 'junkmail' foi recolhido. Este tipo de mensagens electrónicas tem objectivos comerciais (não me refiro a mails de cadeia) e são enviados em massa, dependendo da capacidade técnica dos programadores que os compõem para evitar os filtros de correio electrónico que impedem a recepção de mensagens automáticas e/ou de massa. Uma série de diferentes técnicas foram desenvolvidas para este propósito. Uma delas consiste em colocar a mensagem comercial propriamente dita num ficheiro de imagem que vai agregado ao e-mail, e no corpo da mensagem incluir texto que se pareça o mais possível com uma mensagem de e-mail dita 'normal', de forma a iludir os filtros. Para criar este 'texto de despiste' os 'spammers' tendem a recorrer a obras literárias disponíveis online ( na biblioteca digital Project Gutenberg, por exemplo), pilhando excertos de e-livros que são remisturados utilizando pequenos programas para criar uma nova mensagem, mais ou menos coerente. Cada mensagem poderá conter excertos de dois, três ou mais trabalhos, sendo que entre os que pude identificar como fontes se encontram poemas de Victor Hugo, Baudelaire, fábulas de Ésopo, “O Feiticeiro de Oz”, “Alice no Pais das Maravilhas” e uma série de romances de Louise May Alcott.
Em suma, a 'matéria prima' utilizada pelos 'spammers' e à qual é aplicada a técnica de Burroughs, é, pelo menos em parte, produção cultural de valor reconhecido (daí a sua preservação e acessibilidade universal na 'web'). Estas mesmas obras reaparecem como lixo nas nossas caixas de correio electrónico, depois de passarem por um processo que revela toda a criatividade e engenho dos programadores/spammers. Neste sentido o projecto SPAM promove um regresso ao universo artístico a que estes 'bits' pertenciam.
As intervenções directas no texto, e o uso da técnica de 'cut-up' são portanto dos 'spammers' e não minhas. A minha posição acaba por ser mais editorial, e não muito próxima de preocupações com semiótica e linguística que permeavam a escola de Cranbrook.



R. : Será possível a "Modern Day Poetry" criada a partir dos spams voltar ao seu "espaço original" tornar-se de novo um "spam"?

T. L. : Sim, já ponderei algum tipo de “devolução”, possivelmente através de uma mailing list que possibilitaria aos assinantes a recepção voluntária de (ex)-spam.



SPAM (Sinopse do projecto): This book is a collection of 55 spam messages received between April and May 2007. Spammers originally created each message to bypass e-mail security filters and allow advertisements on products and services such as
Insurance, fake University Diplomas, Viagra, and prescription drugs to reach our unsuspecting mailboxes.

They were composed using the modern day equivalent of the Cut-up technique popularized by William Burroughs, by mixing bits of separate texts, often literary works available on-line, to create surprisingly new compositions.

Spam e-mail can be annoyingly intrusive, and easily overlooked, but there is creativity at play in these discarded bits of digital information, that is here celebrated as Modern Day Poetry.

Tuesday, October 23, 2007





Vamos assistindo, com crescente frequência, à passagem para livro de vários blogs. A publicação impressa parece ser um meio fundamental de “legitimar” os conteúdos publicados e de “estabilizar”, na segurança da palavra impressa a aparente instabilidade de conteúdos editados on-lines. Três blogs que muito estimo ( Indústrias Culturais, BibliOdyssey e BLDG) estão agora publicados em livro e a sensação de os ler, sentindo-os entre os dedos, envolve uma sedutora estranheza: uma espécie de medo infantil que, muitas vezes, tinha ao regressar a casa.



O New York Times dedicou um destaque de seis páginas à morte de Theresa Duncan e Jeremy Blake artistas-escritores-bloggers que se suicidaram no início de Julho. O fenómeno merece alguma atenção, num espaço de dois meses a blogosfera norte-americana conseguiu transforma-los em dois ícones e a sua vida, tal como a sua morte, tem sido alvo de inúmeras “narrações” e “encenações”. A América, sabe-se, gosta de esteticizar e as suas vítimas e, rapidamente, revela capacidade para as “comercializar”.




De linguagens de poder e do modo como a narrativa do poder torna real a ficção, fala o novo filme de Jean Soderberg The Voice. Uma fantástica metáfora do nosso mundo geo-político e dos seus extremismos feita a partir do arquivo noticioso dos últimos 50 anos.

Vale a pena ler o ensaio de Matteo Pasquinelli intitulado WARPORN WARPUNK! Autonomous Videopoiesis in Wartime uma lúcida reflexão sobre, para usar a expressão de Baudrillard, “a obscenidade do visível”.

Foi apresentado o projecto de Adam Hyde Free Manuals for Free Software. Tratam-se de manuais escritos por especialistas – como Adam Hyde ou Derek Holzer – e que podem ser lidos por não-especialistas. O design do projecto é de Lotte Meijer.



O Cineasta David Lynch juntou-se ao designer francês para Christian Louboutin e o resultado é a exposição Fetiche presente na Galerie du Passage em Paris. O que se vê é o universo de Louboutin encenado por David Lynch (as cores são absolutamente lynchianas).



Ainda não ouvi com atenção o novo Radiohead mas li, e gostei bastante, das Três reflexões sobre Radiohead e a economia dos afectos da autoria de José Luis de Vicente publicado no Elastico.



O Gothamist publicou uma interessante entrevista com Steven Heller : “Aren’t you prolific?”

David Colman seleccionou, para a New York, nove designers “Who changed – and are still changing – the way we look at our world”.

Não sei como foi possível demorar tanto tempo para conhecer uma publicação excelente como a The Diagram.




Há um novo blog sobre design escrito por portugueses, chama-se NADA , nasceu em Agosto e merece atenção.

O programa da SIC Notícias “Imagens de Marca” destaca esta semana a empresa de Design Boca do Lobo. Destaque muito merecido para uma caso particular de um estúdio de design português de incrível criatividade, notável sentido de gestão estratégica e atenta capacidade de marketing.


O site do projecto Fabrico Próprio - O Design da Pastelaria Semi Industrial Portuguesa está desde hoje online. A iniciativa é de Rita João, Pedro Ferreira e Frederico Duarte e revela uma inteligente capacidade para usar a web como espaço curatorial em design.



COMBINAR CULTURA E TECNOLOGIA

(…)

Enquanto a Europa inteira há muito se apercebeu da importância desta disciplina [o Design] resultante das sociedades industriais, Lisboa, também ela capital europeia, só há cerca de uma década começou a revelar tímidos e cautelosos sinais de interesse, sobretudo com a divulgação de algumas peças importadas. Iniciativas, aliás, mais devidas a alguns empresários exigentes e informados do que à própria Indústria de mobiliário ou às entidades oficiais do sector da cultura. Isto, apesar do trabalho e luta, de alguns pioneiros do design industrial em Portugal, como Daciona Costa e Sena da Silva.
Mesmo agora, quando os ventos se diz serem de mudança, os sinais exteriores não correspondem à grandiloquência dos discursos de intenções.

Nem tampouco a grande maioria das empresas industriais se apercebeu da necessidade de melhorar a qualidade dos seus produtos, sabendo recorrer, para isso, aos agentes mais bem apetrechados.

Mesmo tendo à disposição os muitos designers que anualmente se formam nas várias instituições especializadas nacionais.
Deste modo, não será pois de estranhar que o Museu de Arte Moderna se mantenha alheado deste dado cultural e continue a privilegiar as formas tradicionais de arte. E que se não sinta, também, na necessidade de criar um espaço cultural mais alargado onde o design industrial, têxtil, gráfico e o design de moda possam estar representados. Atitude que seria preferível à até aqui assumida por aqueles que se dizem responsáveis pelos pelouros da cultura.

Enquanto isso, lojas como a Idea vão revelando um pouco do muito que o ilimitado universo do design tem para nos surpreender. Ainda que os objectos e peças ali à venda sejam, na sua maioria, economicamente inacessíveis para a maioria dos que os apreciam, nem por isso o confronto deixa de ser positivo.

Pelo menos ele representa um estímulo para a imaginação e um subsequente “élan” para a rejeição dos medíocres produtos fabricados pela quase totalidade da Indústria portuguesa.

Maria João Mauperin, “Combinar cultura e tecnologia”, Expresso, Revista, 21 de Janeiro de 1989.

Sunday, October 21, 2007

BREVES

Inaugurou ontem o Museu do Neo-Realismo, projecto há longo tempo preparado e fortemente apoiado pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. A coordenação do museu foi entregue a David Santos, sinal de que a escolha obedeceu a critérios de competência e qualidade. A programação já anunciada é muito recomendável, destacando-se uma excelente "Batalha pelo conteúdo: Movimento Neo-Realista Português" que apresenta já a marca forte do seu curador.

Entrados na quarto DocLisboa, festival organizado pela Apordoc que se prolonga até 28 de Outubro, é importante destacar a grande qualidade da programação que o Doc exibe desde a primeira edição. O mérito é, essencialmente, de Ana Isabel Strindberg, inteligentíssima programadora e uma séria gestora cultural.

Destaque para a conferência de Ivan Chermayeff, no próximo dia 31 em Londres. Integrada nas President's Lectures esta é uma bela oportunidade de contactar com um dos mais importantes vultos da história do design gráfico ainda vivos.

A Origem das Espécies passou, recentemente, por algumas mudanças quer ao nível do layout quer ao nível dos conteúdos. Nesta sua nova vida resolveu destacar um blog de design e escolheu o Reactor. Vindo de quem vem o destaque é muito honroso.

Falando em blogs, aqui se destacam os 100 melhores (as escolhas são sempre discutíveis) de arquitectura e design (essencialmente design de produto).

O interessante vídeo de Michael Wesch em reflexão nesta Vision of Students Today.


Um muito bom post de entre bons posts que com frequência se encontram no Archinect: In the search of Lost Vanguards.

Belíssimos stills do filme Odete, realizado por João Pedro Rodrigues, estão disponíveis na internet.


No Museu do Chiado inaugurou a exposição "Centre Pompidou Novos Media 1965-2003" contendo obras imperdíveis de Vito Acconci, Samuel Beckett, Valie Export, Nam June Paik, Bill Viola entre outros.

A ideia de Margaret Oscar será, seguramente, do agrado de alguns designers. E no entanto importa sublinhar que a ideia é falsa e, além do mais, potencialmente perversa, por isso, sublinhe-se: é importante que o trabalho de um designer possa ser compreendido (ele deve comunicar e enriquecer a comunicação) independentemente de ser ou não sedutor.

Thursday, October 18, 2007

MIKE KROL: SERÁ ISTO DESIGN DO MILWAUKEE?




Mike Krol tem aquele "ar estranho" que caracteriza alguns adolescentes norte-americanos. Parece saido de uma cena do "Elephant" do Gus Van Sant, marcas que ficaram de quem cresceu no Milwaukee Wisconsin "without nothing to do", matando o tempo a ouvir bandas punk-rock de qualidade dúvidosa e a desenhar como quem respira. Neste ponto do "post" importa dizer, para os mais distraidos, que Mike Krol é designer gráfico e músico (penso que por esta ordem) e o seu trabalho (em ambos os campos) vai-se tornando mais interessante a cada ano que passa. Para fugir do Milwaukee foi parar à School of Visual Arts de Nova York onde foi aluno de James Victore e de Paul Sahre. A nostalgia do Wisconsin levou-o de volta para casa. Actualmente trabalha em Madison no "bom-mas-difícil-de-qualificar" estúdio Planet Propaganda. O seu trabalho vai ficando "no ponto" como se comprova.





Wednesday, October 17, 2007

A PRODUÇÃO GRÁFICA SOVIÉTICA (ANOS 20/30)

Um dos momentos de maior transformação na história do design gráfico e, de um modo geral, na história da produção cultural do Século XX desencadeia-se no contexto da revolução bolchevique. Todavia, a produção gráfica soviética das décadas de 20 e 30 permanecia, até há pouco tempo, insuficientemente conhecida para além dos nomes incontornáveis como El Lissitzky e Alexander Rodchenko.

Mesmo uma obra, de inquestionável rigor, como A History of Graphic Design de Philip Meggs, no capítulo “A New Language of Form: Russian Suprematism and Construtivism”, praticamente não refere qualquer outro nome para além dos de Lissitzky e Rodchenko. Extraordinários designers como Vasilii Elkin, Viktor Koretsky, Gustav Klutsis ou Walentina Kulagina permaneciam assim com as suas obras votadas ao silêncio e à invisibilidade.

A internet tem contribuido para ultrapassar esta invisibilidade. Um exemplo é este blog que acabei de descobrir, curiosamente descoberta ocorrida na mesma semana em que no flickr tomava conhecimento com este óptimo arquivo de cartazes soviéticos, de onde retiro as imagens que ilustram este post. São cartazes do final dos anos 20 e início dos anos 30, na sua maioria cartazes de filmes (as excepcções são a segunda, terceira e quarta imagens, respectivamente um cartaz de 1932 de propaganda ao "Plano de Cinco Anos"; um cartaz da exposição de trabalhos de Vladimir Mayakovsiy e, finalmente, um cartaz de promoção da companhia Blue Blouse. Se em relação a alguns há dúvidas relativamente à autoria, já em relação a outros conhecemos os seus autores, por exemplo o último dos cartazes aqui mostrado, de um filme de ficção científica, é uma obra prima de Gustav Klutsis (por vezes também referenciado como "Klucius") nascido em 1895 e falecido em 1944.

A fonte a que eu recorria para ver e pensar a produção gráfica soviética encontra agora boa companhia.







Friday, October 12, 2007

BREVES


O Design Philosophy Papers lançou uma nova publicação electrónica, o Design Philosophy Politics, dedicada à reflexão sobre a dimensão política do design. Saliente-se o grande rigor e qualidade dos textos. Fica, a título de exemplo, a transcrição do primeiro parágrafo do editorial:

“Politics is an institutionalised activity which is supposed to be based upon contestation between political ideologies. But in this age of hegemonic capitalism, difference is now a matter of posture and rhetoric rather than of fundamental social, cultural and economic values. In the West, politics has become the administration of the status quo, with democracy being reduced to the operation of the ‘free market’ directed by corporate interests."




Recupero um post antigo publicado no Groy e que voltei a ler recentemente, o seu título funciona como um convite irresistível à leitura 8 Ways to Drive a Graphic Designer Mad, como irresistível é, também, o início do artigo: "As everyone knows, graphic designers are the reason there are so many wars in this world."





A constatação crítica de que “A infra-estrutura da informação digital criou uma nova paisagem de percepção” é o ponto de partida para uma muito interessante reflexão de Daniel Carrapa sobre Babel de Alejandro Iñárritu e os limites da linguagem.



Descobri, recentemente, os textos que Sérgio Lavos vai publicado no seu blog Auto-Retrato. Algumas das mais pertinentes reflexões-em-filigrana sobre os blogues, escritas em português, encontro-as ali. Como esta que nos recorda que “um blogue nunca é neutro” e a neutralidade é sempre uma forma subtil de manipulação.






Is the net good for Writers? é a questão que Ru Sirius coloca a si mesmo e a uma série de relevantes escritores, investigadores e bloggers como Mark Dery, Adam Parfey ou Douglas Rushkoff.




Jeff Jarvis, jornalista e professor de Ciências da Comunicação coloca a questão, essencialmente, na perspectiva do jornalista: How do We Teach the Conversation?. É claro que a questão é, também, decisiva do ponto de vista do Design. Como é que aqueles que são educados para serem “emissores” conseguem educar para o diálogo? Ou, da importância de recordar que “comunicar” significa “pôr em comum”.



As relações entre a filosofia e a cultura popular nunca forma fáceis. A relação é actualizada pelo filósofo norte-americano Stephen Asma
numa reflexão sobre as contaminações contemporâneas entre a “sofia” e a mais massificada “doxa”.





Design in the world é o título de uma excelente entrevista com o historiador e professor de Arquitectura Detlef Mertins. Mertins dá-nos motes para pensarmos as actuais formas de “integração” do design e da arquitectura e para reflectirmos sobre os actuais modelos de ensino no campo projectual.

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REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com