Saturday, April 05, 2008



O vídeo que documenta a reportagem feita pela TVE ao projecto Musa Collective foi colocado ontem no Reactor sem ser acompanhado de nenhum comentário. Após a postagem um leitor escreveu um comentário insurgindo-se contra a pobreza do projecto Musa, caracterizando-o como um dos projectos mais "light" e vazios do actual panorâma do design gráfico português. A consideração pelo referido leitor e a pertinência do seu comentário aos, por si designados, Musa-Trendy, levaram-me a escrever estas linhas que associo a uma possível discussão, que aqui se abre aos leitores, sobre as estratégias de afirmação e promoção do design português.

Começo por esclarecer que os projectos colectivos, numa época em que a sua falência se encontrava proclamada, seduzem-me. A minha primeira reacção ao projecto Musa é, por isso, simpática. Não reconheço no Musa "a" imagem do design português mas reconheço "uma" imagem do design português. Trendy? Light? concordo que sim, embora saiba que do Nuno Valério ao André Gonçalves há trabalhos e criadores que se associaram a Musa com preocupações e com níveis de qualidade muito diferentes.

A marca tem o mérito, inegável, de proporcionar alguma internacionalização aos seus colaboradores, vão estar presentes, em Maio, no Graphic Design Festival em Breda, no RMX 200 no Chile, e há poucos meses a No Magazine num artigo sobre design português destacava-os (a par dos R2, da Experimenta, Katty Xiomara e mais alguns), este destaque segue-se a outros dados pela ID ou pela TVE cuja reportagem foi colocada no Reactor.

Admito que não me sinto deslumbrado com o trabalho da Musa mas não deixo de lhes reconhecer virtudes, sobretudo na exploração de um mercado que mesmo vivendo da circulação e consumo de um design mais descartável e efémero assume actualmente alguma importância.

3 comments:

Anonymous said...

Era difícil ver uma coisa mais "light" do que esta. Musa-trendy é dos projectos mais ocos, lamechas, superficiais e bacocos que alguma vez saíu de Portugal. É pena, porque há muito bom design gráfico em Portugal, mas isto é o que é projectado lá para fora.

Se continuarmos a dar voz a estes projectos, eles continuarão a fazer coisas bonitas, sobre o amor e a cidade e cenas assim. Haja paciência!

Humboldt said...

Também não percebo essa atracção por coisas que espremidas não conseguem largar uma gota de ideias interessantes. Mas temos esta mania de valorizar imitações do que "lá fora está a dar" e vamos sendo contaminados por um design que, visto com olhos de ver, não anda longe de um design "morangos com açucar".

Não é de hoje, metade do trabalho do Ricardo Mealha parece-nos hoje datado porque quando foi feito só se preocupava em imitar modas.

E já que falamos de projectos ocos, bem hajas Reactor por ainda não teres falado nessa grande revista que é a Blue Design!

dznpuro said...

Antes uma MUSA na mão, que um bando de criticos a voar... porque, foi a vontade que tive de vos lançar borda fora!!!
Que mania (portugueses)de criticarmos "com dor de cotovelo" o que os outros fazem! É óbvio que existem excelentes designers gráficos em Portugal, que se enquadram numa filosofia muito distinta dos convidados pelo colectivo Musa. Mas, ninguém se dá ao trabalho de apresentar um projecto editorial que dignifique a profissão, de criticas está o inverno cheio!... Aprendam com os outros ao invés de apontarem o dedo! Não há paciência...

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REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com