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Que função social para o design?
O designer julga construir o mundo, designando-o em direcção à liberdade ou à felicidade, mas acaba conformado com ele. É conformado pelos mass media, pelas mensagens comerciais da publicidade, pelas tendência de consumo da coma, isto é pela indústria cultural que o envolve. Cada designer constitui uma certa construção dessa cultura em si. E por ironia, quanto mais apela à originalidade da sua condição de ser, mais se submete à ordem estereotipada que lhe foi reservada pela múltipla oferta do Mercado, no inefável desejo capitalista de servir. Aquilo a que o agente de transformação aspira está contaminado pela cultura material, e por isso, já não deseja se não a submissão a essa ordem; foram educados para isso.
Não restará, por isso, outra estratégia à revolução da Arte se não a de resistir a todo o custo, devolvendo ao museu ou à galeria o vazio, o inusitado, o testemunho ou a denúncia, a mínima experiência de genuína liberdade, a proposta de outra coisa mais humanizante.
DESENHAR ENTRE FACES, FRANCISCO PROVIDÊNCIA, EASI, N.1, 2008, pág. 52
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