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SOMETIMES I WONDER
por John Getz
Acabei de rever Wanda, o superlativo filme realizado em 1970 por Barbara Loden. No início dos anos 80 escrevi, just for fun, um argumento para cinema: a história de um homem que, na sequência de uma queda tirada do Rear Window fica com um amnésia que reduz a suas memorias a flashes de cenas de filmes.
Entre as imagens recorrentes ( de resto a primeira e última imagem): o rosto de Wanda, fortíssimo, inolvidável. Aquele argumento reflectia, na perfeição, a minha cinéfilia, fragmentária e difusa. De muitos filmes, retenho apenas uma sequência, quando não uma imagem, um diálogo ou pormenor, um certo clima sugerido pela fotografia, um movimento de câmara ou corte de montagem. Esse é o meu conhecimento de certos filmes que muito admiro: de You Only Live Once guardo a sequência do lago no velho Motel; de Gun Crazy o trepidar dos corpos, a inexorabilidade do destino; em People Will Talk de Mankiewicz a lição inaugural; no Johnny Guitar aquele diálogo, sempre aquele diálogo:
Vienna: Lie to me (…) Tell me you still love me like I Love You.
Johnny: I Still love you like you love me.
Nesta forma, idiossincrática, de me envolver com os filmes reside, creio, o melhor e o pior da minha cinefilia. Já agora, algo de muito semelhante me sucede enquanto leitor ou ouvinte. Mas isso fica para outro texto. Por agora fiquem com Wanda.
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