A MASSA CRÍTICA
Acabei de ler o ultimo Post que o Mário Moura colocou no RESSABIATOR. Partilho da sua desconfiança relativamente àquilo que se esconde – e àquilo que se não quer ver – quando evocamos uma suposta “massa crítica” no design português.
A expressão “massa crítica”, tomada no seu sentido original, indica um condição perigosa. O termo “massa crítica” identifica a quantidade de hidrogénio necessária para desencadear um explosão nuclear. Em termos metafóricos, uma “massa crítica” funcionaria com uma estrutura de reacção e ruptura relativamente a um núcleo dominante.
Não sei localizar o núcleo de uma eventual cultura do design em Portugal. Consigo localizar, antes, instituições e pessoas com trabalhos e valores muito desiguais. Ao ler a “Visão” do CPD – retirada do seu Plano Estratégico 2004-2007 – encontro um texto demasiado redundante e contaminado por “tiques tecnocráticos” para com ele me identificar, porém não consigo identificar – o que não deixa de ser desencantador – nesse Plano Estratégico um “núcleo” consistente contra o qual se justifique a acção crítica de uma qualquer massa.
Acredito que há, de algum tempo a esta parte, no design português uma rede, em crescimento, de pessoas que partilham afinidades. Aquilo que me aproxima do Mário Moura ou da Joana Bértholo – que, em Berlim, vai fazendo um óptimo trabalho no Social Design Site – não é, em todo o caso, a partilha de uma mesma “massa crítica” mas antes uma forma de amizade que resulta da experiência de perspectivas comuns e do fácil diálogo sob perspectivas diferentes. Que este diálogo se torne, progressivamente, mais amplo e público parece-me natural e importante. Que aqueles que desenvolvem uma acção crítica sobre o design – contribuindo para uma discussão acerca dos valores do projecto e contribuindo para uma necessária definição da disciplina capaz de reagir ao actual fenómeno banalizador do “overdesign” – assumam as suas responsabilidades – quer individuais, quer colectivas – é essencial.
Penso que um diálogo vale por mil monólogos. Há pois a necessidade de nos sentirmos chamados a ser interlocutores atentos do que se vai fazendo e dizendo.
Thursday, July 26, 2007
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