Friday, July 06, 2007
Será publicado em breve pela Labcom o meu livro CORPO E SENTIDO: ESTUDOS INTERSEMIÓTICOS. A paginação do livro foi feita pela Catarina Rodrigues e o design da capa ficou a cargo do João Sardinha.
Transcrevemos, da Introdução do livro, um breve passagem:
O processo de construção de um objecto teórico novo assemelha-se, geralmente, a uma conquista territorial. Trata-se de construir, no interior de um espaço conceptual já ocupado, segmentado e definido, um domínio territorial autónomo, a partir do qual uma determinada realidade escolhida como objecto de investigação possa ser reconstruída – de novo situada, segmentada, definida – a partir de um ponto de vista próprio. Ambição motivada não por um qualquer prazer, mais ou menos vão, de desrespeitar os modelos estabelecidos, mas orientada pela consciência lúcida de que é através da proposta de novas esquematizações do real que a sua inteligibilidade pode ser aprofundada.
No caso do estudo que agora se apresenta, o território no qual iremos intervir encontra-se particularmente movediço, saturado de referências que, contudo, não parecem capazes de lhe devolver estabilidade. Quando falamos em corpo, numa perspectiva dita “natural”, não nos referimos a uma realidade abstracta que se situaria numa esfera intelectual reservada a um conhecimento especializado; pelo contrário, o corpo faz parte dos fenómenos empiricamente “óbvios”, “evidentes” e “naturais”. Todos temos um corpo que sentimos, experimentamos, partilhamos. Todos temos um corpo que nos constrange morfologicamente – somos altos, baixos, gordos, magros – patologicamente – sentimos dor, cansaço, sonolência – emocionalmente – sentimos alegria, tristeza, angústia – e socialmente – somos normais, anormais, adequados, desadequados, educados, deseducados – constrangimentos que dão lugar no plano quotidiano a técnicas do corpo, para falar como Marcel Mauss, classificações, prescrições, construções e confrontações inesgotáveis. A mesma multiplicidade de considerações constrangedoras é produzida num plano mais afastado do vivido, quando se considera o corpo como objecto de saber, passível de descrição, de análise, de operação, de teorização. Enquanto tal, é partilhado por várias disciplinas da fisiologia à filosofia, todas elas susceptíveis de operarem sobre o corpo agenciamentos específicos. A esta docilidade da linguagem dizer o corpo equivale, como bem anotava José Gil, uma violência real que sobre o corpo é exercida: “quanto mais sobre ele se fala, menos ele existe por si próprio.”
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- REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com
1 comment:
Se convidado, lá estarei para o respectivo Lançamento.
No último consegui mais de 100 metros em 3 imperiais!
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