Monday, March 10, 2008
Alguns anos atrás tive o prazer de ilustrar o Purgatório de Dante a pedido de um editor italiano. Fiquei impressionado com o facto da diferença entre os que sofriam no inferno e os que se encontravam no purgatório ter apenas a ver com o facto dos primeiros não estarem conscientes do seu pecado. Por ignorância, permaneciam no inferno para sempre. Em contrapartida, as almas do purgatório sabiam o que haviam feito e aguardavam uma possível redenção. Assim se estabelecia a diferença entre a esperança e o desespero.
Em relação à ética profissional, termos consciência do que fazemos é um começo. (…).
Em última análise, todas as considerações sobre a ética tendem a tornar-se pessoais. Com o objectivo de permitir a cada um a construção do seu próprio exame de consciência, sugiro a leitura dos seguintes “12 passos na caminhada do designer gráfico rumo ao inferno”. Eu próprio incorri no pecado de alguns deles:
1. Projectar uma solução de embalagem que pareça maior na prateleira.
2. Projectar uma campanha para o mais lento e aborrecido dos filmes fazendo com que aquilo pareça uma comedia romântica.
3. Projectar uma solução cosmética para que qualquer um pareça já estar há muitos anos “in business”.
4. Projectar uma capa para um livro cujo conteúdo sexual se considere repelente.
5. Projectar uma medalha usando metal do World Trade Center para ser vendido como um “souvenir” do 11 de Setembro.
6. Projectar uma campanha publicitária para uma empresa com um historial de descriminação.
7. Projectar uma embalagem, que seja atractiva para as crianças, de uns cereais que sabemos serem nutricionalmente desequilibrados.
8. Projectar uma campanha para um político cujos ideias não nos parecem defensáveis.
9. Projectar uma linha de T-Shirts para uma empresa que usa mão-de-obra infantil.
10. Projectar as instruções de um equipamento cujo uso não nos pareça seguro.
11. Projectar um produto cujo uso frequente pode ser prejudicial à saúde.
THE ROAD TO HELL, MILTON GLASER, AGOSTO/SETEMBRO, WWW.METROPOLISMAG.COM
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