Monday, April 02, 2007

DESEMPACOTANDO A MINHA BIBLIOTECA

“Estou a desempacotar a minha biblioteca. É verdade, os livros ainda não estão nas prateleiras, não os envolve ainda o tédio silencioso da ordem. (…) Peço-vos apenas que me acompanhem nesta desordem de caixotes abertos, no ar cheio de pó de madeira, no chão cheio de papéis rasgados, sob as pilhas de livros que acabaram de ver de novo a luz do dia depois de dois anos de escuridão, para partilharem um pouco comigo o estado de espírito, nada elegíaco, antes tenso, que eles despertam (…)”. Walter Benjamin, “Desempacotando a minha biblioteca”

Semanalmente no Reactor desempacotamos um livro. O livro desta semana:





FUNDAMENTOS DEL DISENÕ GRÁFICO, Ed. Michael Bierut, Jessica Helfand, Steven Heller e Rick Poynor, tradução castelhana Viviana Werber, Ediciones Infinito, Buenos Aires, 2001.

Esta obra é a tradução castelhana de LOOKING CLOSER 3 – CLASSIC WRINTINGS ON GRAPHIC DESIGN, publicado originalmente em 1999 pela Allworth Press, nela encontramos alguns dos textos fundadores da teoria do design gráfico tais como “O livro ideal” de William Morris (1893), “A nova tipografia” de Lászlo Moholy-Nagy (1923), “O que apraz o homem moderno?” de Alexey Brodovitch (1930), “O que é um designer?” de Alvin Lusting (1954) ou “Pop Visual” de George Kelly (1967).

Dos ensaios aqui reunidos e dos vários percursos, abertos à teoria do design, para os quais eles nos remetem, podemos destacar três “orientações reflexivas”: a orientação “moderna” (na qual podemos incluir os textos de Morris, Rodchenko, Meynell, Moholy-Nagy, El Lissitzky ou Douglas Mcmurtrie) reflecte o envolvimento dos “agentes de vanguarda” na construção de uma nova cultura moderna; a orientação “criticista” (na qual se incluem Fortunato Depero, Tschchold, Cleland, Burtin, Lubalin, Ken Garlan ou Massimo Vigneli), de algum modo herdeira do socialismo de Morris que se vai actualizando à medida que o mercado de design se expande, reflecte a preocupação em salvaguardar a responsabilidade social do design; a orientação “sociológica” (na qual se incluem os textos de Aldous Huxley, Marshall McLuhan ou Susan Sontag) a partir da qual se desenvolvem leituras “contaminadas” e “transversais” do design.

Sendo fácil identificar lacunas (de Adolph Loos a Vilém Flusser, de Victor Margolin a Ellen Lupton) e resultando de uma selecção sempre discutível, esta é, todavia, uma antologia de textos muito estimável.

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REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com